Uma das coisas que mais amo no mundo é passear pelos pequenos burgos da Itália, tanto que estou postando várias cidadezinhas que ainda não são famosas na blog-literatura de língua portuguesa, mas que são muito especiais! Hoje vou falar de um passeio lindo que fiz à Pitigliano, na Toscana. A cidade tem suas origem também etruscas, como quase todas as cidades da Toscana; infelizmente o que ficou de etrusco aqui foram somente dois pedaços de muralhas. A maior parte do que vemos aqui tem a sua origem a partir do período medieval.
A primeira impressão que temos quando nos aproximamos deste burgo, é a cidadezinha no alto de uma rocha de tufo com o aqueduto mediceo. Logo notamos um mega-aqueduto do XV século que enfeita a cidade.
Aqueduto de Pitigliano
Emocionante passar em cima do viaduto para entrar na cidade!
Passando sobre o viaduto com a placa que nos dá a certeza que este é
“um dos buurgos mais bonitos da Itália”!
Atravessamos a praça Garibaldi para logo encontrar uma das características mais fortes da cidade: a “pequena Jerusalém”, e assim mergulhamos no bairro judeu! Sinagoga e espaço com exposição permanente de cultura judaica são fascinantes, olhem os espaços:
Instrumentos para a produção do vinho, escadas que não acabam mais!
A adega onde envelheciam o vinho kosher –
ah, se estas paredes falassem!
O antigo forno, com fotografias na parede,
que documentam quando ainda funcionava
Curiosa a forma do pão de ázimo que eles documentam aqui!
Depois demos um pulo na Catedral de São Pedro e Paulo, que apesar da sua origem medieval foi restruturada no período barroco, que é como a vemos hoje:
Catedral de São Pedro e Paulo, Pitigliano
E depois da chegada e das longas explorações, já ficamos com fome e achamos um restaurantinho escondido de onde saía um cheiro delicioso e onde o menú tinha várias alternativas para quem não come carne! Os toscanos são conhecidos também como “comedores de feijão”, o que é sempre uma alegria!
Pici, a pasta típica de Pitigliano com verdura,
pici com tomate fresco…
e um delicioso prato de feijão temperado, uma delícia!
Depois do almoço demos um pulo no Palazzo Orsini, com os Museus de Arte Sacra e o Museu Arqueológico.
Na saída, passamos pela Praça da República com a Fontana delle Sette Cannelle que tem uma vista fantástica do vale ao redor do burgo.
Fontana delle Sette Cannelle, Pitigliano
Como toda cidade italiana quue se preze, Pitigliano também tem um ótimo vinho!
A Praça Navona é uma das praças mais famosas do mundo, criada no século XVII, praticamente pelos grande escultores e arquitetos Bernini e Borromini, para o Papa Inocêncio X Pamphilj.
Praça Navona hoje, antigamente Estádio de Domiciano
A sua forma (um grande retângulo com os lados menores arredondados) se deve ao antigo estádio de Domiciano, sobre o qual foi construída. Apesar de Bernini e Borromini serem os protagosnistas deste espetáculo, o que vemos hoje é o resultado do trabalho de vários gênios que trabalharam juntos durante o século XVII.
A visão do Papa Inocêncio X, que pediu aos gênios Bernini de construir a fonte central, ao Borromini, de construira Igreja de Santa Inês; a Rainaldi, de construir o palácio Pamphilj.
Praca Navona, Fonte do Netuno
As fontes menores da Praça Navona
Das fontes menores, a “Fonte dos Mouros” foi realizada pelo grande Giacomo della Porta mais pra frente, durante o papado de Gregório X Buoncompagni (século XVI), sobre desenho de Bernini.
A “Fonte do Netuno” permaneceu por muitos séculos somente uma bacia, como aquela da fonte dos Mouros. Somente no século XIX foi realizada uma licitação! Vencida por Antonio della Bitta, este escultor realizou o Netuno. As figuras marinhas secundárias (cavalos marinhos, sereias, putos) foram relizadas pelo escultor Zappalá.
Praça Navona de noite, espetáculo garantido!
A Praça Navona na Antiguidade
Vamos começar do início: naantiguidade, aqui existia o estádio de Domiciano, que tinha sido construído no ano de 86 d.C! O estádio tinha 276m de comprimento, 106 de largura e capacidade para 30.000 expectadores. Era maravilhosamente decorado com estátuas…
Praça Navona, maquete do antigo estádio de Domiciano
Não é verdade a lenda metropolitana que diz que durante a antiguidade também aconteciam batalhas navais nesta praça. O que realmente acontecia, era um alagamento da praça no mês de Agosto. Isso aliviava o calor: se tapavam os ralos da fontes, e a água alagava a praça. Entre 1810 e 1839 realizaram-se corridas de cavalos.
A Navona é um dos melhores exemplos do que os artistas criaram durante o período barroco. Aqui contribuíram artistas do calibre de Bernini, Borromini e Rainaldi (Igreja de Santa Agnes) e Pietro da Cortona.
Praça Navona, Embaixada Brasileira e Igreja de Santa Inês
A Praça Navona durante o Barroco
A praça foi realizada com a ideia de celebrar a grandiosidade da família Pamphilj (do Papa Inocêncio X), em clara competição com as famílias Barberini e Farnese. Por isso ordenou a construção do Palácio e da fonte. Para a realização da praça fosse perfeita foram demolidos vários edifícios medievais.
Quem não podia ficar de fora da importante escolha dos trabalhos a serem reliazados foi a superpotente Donna Olimpia Maidalchini. Donna Olímpia, mulher de personalidade fortíssima e cunhada do Papa exercia uma forte influência sobre ele. Para saber melhor quem foi essa figura, leia o post http://tinyurl.com/o6shhrt).
A Igreja de Santa Inês na Praça Navona
A Igreja de Santa Agnese (Inês) foi construída no lugar onde a santa sofreu seu martírio durante as perseguições de Diocleciano. Ela tinha apenas 12 anos. Existem várias lendas sobre a sua história. Logo após a sua morte, por causa da sua idade, a santa ficou famosíssima. Vou tentar dar uma breve ideia sobre a sua vida e seu martírio.
A linda menina chamada Agnes se recusava a se casar, dizendo que tinha feito o voto de castidade a Jesus. O prefeito Simprônio condenou-a a viver junto com as castas sacerdotisas vestais, que protegiam a cidade. Quando ela se recusou, ele a mandou arrastar nua pelas ruas, e viver em um bordel. Enquanto era martirizada, seus cabelos cresciam e os homens que se aproximavam dela para violentá-la, ficavam cegos.
Praca Navona, Fonte QUatro Rios e Igreja de Santa Inês
Tendo sobrevivido à essas torturas, Agnes foi definitivamente condenada à morte. Amarrada a um poste ao qual tentaram colocar fogo, mas o fogo não pegava, e não queimavam a santa. A este ponto, um oficial pegou a sua espada e a decapitou. O sangue derramado no chão atraiu rapidamente outros cristãos, que embeberam suas roupas com ele. Agnes foi posteriormente enterrada em catacumbas, na Via Nomentana.
A igreja foi edificada sobre o bordel onde Diocleciano tinha mandado trancar a santa. Desde o período medieval já existia lá uma igreja dedicada à ela.
Curiosidades e observações finais da Praça Navona
Voltando à fonte central, uma das fofocas mais famosas a respeito dela, é sobre a rivalidade dos grandes arquitetos barrocos Bernini e Borromini: em duas das alegorias dos rios, Bernini teria expressado o seu desdenho pelo grande Borromini, representando o rio Nilo com uma faixa tapando seus olhos para não ver a igreja e o rio da Prata com a mão protegendo a sua cabeça com medo que a cúpola de Borromini caísse sobre a sua cabeça; mas estas são mais lendas metropolitanas, já que a Igreja foi realizada DEPOIS da fonte! Interessante notar que o Nilo foi representado com os olhos tampados pela faixa, por que as duas nascentes ainda não tinham sido encontradas.
Origem do nome da Praça Navona
O primeiro nome da praça foi “in Agone” (que vem do grego agones, que quer dizer jogos), já que o antigo estádio era utilizado para competições entre atletas.
Com o tempo ocorreu a corruptela do topônimo em Praça in Agone , depois Praça Nagona para depois se transformar em Praça Navona!
Palácios da Praça Navona: Palazzo Braschi – do final do século XVIII, construído onde existia o Palácio de Francesco Orsini, no século XV. Palazzo Torres Lancellotti – construído em torno ao ano de 1552 por Pirro Ligorio. Palazzo Pamphilj – construído entre 1644 e 1650 por Girolamo Rainaldi. Palazzo Tuccimei ( antes chamado Cupis Ornani) – construído na segunda metade do século XVI, sobre um predinho e casas limítrofes do século anterior.
Quanto à tomar um café num bar na Praça Navona, veja antes o menú para não tomar sustos, pois o preço muda se você senta em uma mesa ou não; aliás isso é uma regra para 99% dos bares e lanchonetes na Itália.
. Clique para ler sobre subterrâneos da Praça Navona.
Como chegar na Praça Navona
Para chegar na Praça Navona dos principais pontos da cidade, você tem à disposição as seguintes linhas de transporte público (feita excessão ao metrô, que não chega aqui!):
– Ônibus: 30, 492, 628, 70, 87, 81, 916
– Bonde: 8 (desça na Piazza Argentina e caminhe 10 minutos).
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Sobre mim
Olá, eu sou a Patricia e me apaixonei por Roma em 1994, quando ainda era uma estudante de Artes Plásticas em Hamburgo. Desde então fiz várias viagens para estudar a Cidade Eterna e em 1998 me mudei para cá. No Turismo estou desde 2007, quando comecei a trabalhar com alemães. Sou guia credenciada em Florença e Roma e este blog é um elogio muito pessoal sobre a minha paixão pela cultura Clássica. Na minha equipe trabalham as melhores guias que falam português nas principais capitais italianas, escolhidas a dedo por mim ao longo dos anos.