
O Museu das Termas de Diocleciano, as maiores termas do mundo romano, possui uma coleção de 10.000 peças de epigrafia (inscrições) em uma sede linda de arrepiar: as termas foram realizadas pelo imperador Diocleciano em apenas 8 anos e com 13 hectares de dimensão, finalizadas no ano de 306 d.C..
Museu das Termas de Diocleciano – PARTE I – Coleção epigráfica e pátio michelangiolesco

Não sei por que estas termas, que têm quase o dobro da capacidade das Termas de Caracalla, são tão pouco conhecidas, portanto é o caso urgente de informar a existência deste precioso museu da cidade de Roma.

Por que visitar um museu epigráfico?
Todos nós estudamos na escola o início da literatura portuguesa na Idade Média, língua latina, com as “canções de amor” e as “canções de escárnio”.

Se vier à Roma, por que não visitar um museu que conta o início da escritura latina, que deu origrm à nossa própria língua, usos e costumes? A partir de quando começa a escrever o povo romano, o que escrevia e como?

Dos pequenos objetos aos decretos imperiais, passando pelas lastras funerárias, ofertas aos deuses pendindo graças para si ou para o rebanho, mapas da cidade de Roma, a epigrafia latina é uma fonte inesgotável e fascinante de informações interessantes para quem deseje conhecer Roma além dos monumentos e áreas arqueológicas clássicas!

A coleção deste museu vem de cidades dos arredores de Roma que não existem mais, ou Palestrina, Norma, Ariccia e região dos lagos, regiões que se já tiver conhecido, melhor ainda para apreciar as peças deste museu!

Termas de Diocleciano
Arquitetura e transformações das Termas de Diocleciano
A estrutura termal segue o exemplo clássico das termas, com o corpo de piscinas principais construídos em um eixo longitudinal com orientação L-O com as piscinas de água fria, morna e quente. Paralelamente ao longo deste eixo surgiam os outros edifícios para fazer ginástica ao ar livre, dois pavilhões octagonais e bibliotecas.

As fases construtivas do monumento-museu que acho relevante mencionar neste momento são:
- IV século: Termas;
- XVI século: Monastério e Igreja dedicada à Virgem dos Anjos e aos mártires cristãos;
- Parte do edifício é transformado em armazéns de grão e óleo;
- Século XIX a ordem monástica dos certosinos abandona o edifício
- 1889 é sede do MUSEO NAZIONALE ROMANO, Museu Nacional Romano
- entre 1928 e os anos ’80 funcionou em um dos edifícios do lado da Praça da República o Planetarium de Roma.

As várias alas do Museu das Termas de Diocleciano
O museu é enorme e dadas às suas dimensões é interessante identificá-las e traçar um percurso de visita que leve diretamente às peças “super híper” importantes, pois de peças dignas de nota, praticamente o museu é cheio!

Aliás, iniciando pela parte epigráfica, a direção do museu nos introduz ao uso da escritura em Roma sob vários aspectos: religioso e mágico ou laico/ público, pártindo do Período Arcaico até o Santuário de Anna Perenna, descoberto em 1999 na região de Parioli, e utilizado do IV a.C. ao V séc d.C..

Interessante a parte dedicada às inscrições de caráter público com tubaturas hidráulicas com os nomes dos proprietários ou imperadores, assim como as lanternas e produção de pequenos objetos em vidro no primeiro andar!
Para quem tiver sede de iconografia mitraica, aqui há uma sala com várias esculturas e relevos que vêm dos arredores e da cidade de Roma.

A partir da segunda metade do século XVI foi realizada por ordem de Papa Pio IV a Basílica de Santa Maria dos Anjos e o monastério dos padres certosinos. A basílica aproveita os espaços do antigo tepidarium e o projeto é de Michelangelo. O pátio interno é provavelmente também um projeto do grande mestre, finalizado por um dos seus seguidores, Giacomo del Duca.

Uma vez visitados os ambientes com a coleção epigráfica, estamos prontos para dar um pulo ao pátio michelangiolesco com as esculturas e sarcófagos!
O grande pátio michelangiolesco
Dividido em quatro alas expositivas, o centro possui um jardim com cabeças colossais de animais, nem todas antigas.

Ala 1 – Aqui você verá uma grande coleção de estátuas do período helenístico e imperial, muitas delas infelizmente sem cabeças, sarcófagos decorados com motivos vegetais e em especial o sarcófago infantil com uma centauromachia.
Ala 2 – A segunda ala possui sarcófagos de vários períodos, que nos mostram como a decoração funerária mudou ao longo dos séculos, com mitos e retratos dos defuntos; digno de nota aqui é a representação de Medea, do sarcófago do Palácio Caucci, com o envio dos donos mortais à Creusa e a fuga no carro puxado por dragões.
Ala 3 – Nesta ala encontraremos altares para o culto aos deuses e ao imperador, um fragmento de relevo funerário com rapto de ninfa por centauro e um garoto adormecido com gorro e lâmpada a óleo na mao, exemplo de escultura helenística com cenas do quotidiano.
Ala 4 – Ala com retratos e cópias e releituras de estátuas gregas de culto ou de decoração de jardins; o deus Dionísio, embriagado e apoiado sobre uma pilastra, Afrodite, Hera e Artemísia, assim como a escultura votiva de um navio, provavelmente uma oferta de um marinheiro agradeçendo o retorno seguro ao porto.
Página oficial: http://www.museonazionaleromano.beniculturali.it/it/163/terme-di-diocleziano
📌Museu das Termas de Diocleciano
Via Enrico e Nicola,79
Aberto de 3a à domingo
09h-19.30h €10
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