O batistério da Catedral de Roma (São João em Latrão) é, certamente, um batistério do qual você nunca ouviu falar! Os mais famosos são os de Florença, Pisa, Pistoia, Parma, e por aí vai. Curiosamente, talvez por ficar hoje ao lado do transepto e não da entrada principal, este importantíssimo monumento de Roma quase não é conhecido e visitado.
A Basílica de Santa Cruz em Jerusalém é muito importante por várias razões: suas paredes são antiquíssimas, de uma antiga mansão do IV século d.C. que pertenceu à família do Imperador Constantino. Além disso, aqui são guardadas as relíquias da Santa Cruz (ou Vera Cruz), a cruz com a qual Jesus foi crucificado no Monte Calvário, que segundo a tradição foi encontrada e trazida pela Santa Helena, mãe do imperador.
A basílica de Santa Cruz em Jerusalém
Santa Cruz em Jerusalém é uma das “Sete Igrejas” do percurso de peregrinagem criado por São Filippo Neri no século XVI para opor-se ao Carnaval (“festa pagã”). O santo foi um caro personagem florentino que morou aqui e é muito amado em Roma (apelidado “Pippo Bom”); é o sacerdote inspirador de um oratório que se transformou em congregação pouco após à sua morte.
Arquitetura e obras de arte da igreja
A linda fachada nos lembra imediatamente Borromini, mas é bem posterior a este arquiteto, foi desenhada pela dupla Passalacqua e Gregorini na metade do século XVIII. O pórtico é o mais bonito deste período, quando Roma já não era mais um “canteiro de obras” como tinha sido no passado. Sua forma é única, pois oval, um unicumno seu gênero!
A nave central também é especial: além do pavimento cosmatesco (restaurado nos anos ’30 mas bem irregular e “original” nas naves laterais), a imagem do teto da nave central não é um afresco, mas uma tela, com o tema da “Helena recebida nos Céus”, de Corrado Jarquinto.
A ábside tem um afresco do século XV dividido em duas partes: há uma amêndoa com o Cristo dando a benção e embaixo foi representada a tradição na qual vê Santa Helena em Jersulém procurando e encontrando a Vera Cruz. O afresco é de Antoniazzo Romano (artista que já foi mencionado no blog quando falamos de São Pedro em Montório) ou de Melozzo da Forlì. Seja como for, esta dúvida nos mostra o quanto ele é precioso.
O baldaquino é talvez o meu preferido, com muitas desculpas ao amado Arnolfo (de Cambio) pelas maravilhas góticas que construiu nas igrejas de SantaCecília e São Paulo Fora dos Muros, por exemplo, mas as suas colunas de mármores Breccia Rosa e Porta Santa e a “alegria” barroca da estrutura superior são de uma simplicidade e elegância que conquistam meu coração, misturando o antigo com o “moderno”!
À direita do altar existe uma pequena cordonata (escadaria com degraus baixos, para ser possível a passagem de cavalos!) que nos leva à Capela de Santa Helena. As paredes são também do antigo palácio do IV século que existia aqui, mas a decoração é renascentista: mosaicos do teto e afrescos. Vemos uma linda escultura antiga (deusa Juno, encontrada em Óstia Antiga) e transformada em Santa Helena e mosaicos provavelmente recalcados sobre mosaicos antigos – o efeito é excelente, pois apesar de não serem os originais do tempo da imperatriz Helena, são realmente maravilhosos.
Basílica de Santa Cruz
Através do corredor da esquerda do altar, temos acesso à Capela das Relíquias, de arquitetura moderna do século XX. Aqui esiste o famoso reliquiário da Santa Cruz, elegantemente guardados dentro de tecasrealizadas pelo famoso Valadier, que também realizou a maravilhosa teca de Santa Maria Maior.
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Planta baixa com indicações sobre o que ver na Basílica de Santa Cruz em Jerusalém
Para compreender Roma são necesessários anos de estudo de arte, arquitetura e arqueologia e outros tantos anos para aprofundar este conhecimento e escrever artigos como este. Escolha uma guia profissional pois ela fará uma grande diferença na sua estadia.
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A basílica de São Jorge al Velabro em Roma
Na área em que existe hoje a igreja de São Jorge al Velabro e que alguns ousariam chamar de “Berço da Civilização”, existe uma igreja que talvez tenha já sido construída no VI século, provavelmente adaptando uma antiga “diaconia”, isto é, um lugar onde cristãos distribuiam grãos e cereais à população carente, coisa que aqui acontecia desde os tempos romanos.
O lugar é fundamental para a história de Roma, pois a lenda nos conta que foi aqui mesmo que a cestinha com os gêmeos Remo e Rômulo teria vindo parar uma vez abandonada no rio Tibre; neste lugar a loba teria encontrado os gêmeos. Lendas à parte, a razão da fundação da cidade de Roma teria sido o comércio que existia aqui entre gregos e etruscos, no famoso “Foro Boário”, isto é, trocando em miúdos, a feira de animais da época arcaica. Aqui perto temos a ilha Tiberina, que facilitava a travessia do rio e muito provavelmente também contribuiu à fundação da cidade de Roma.
Os arredores desta zona são cheios de história e ainda contém detalhes arquitetônicos e de engenharia interessantíssimos, como o mais antigo templo que chegou até nós, o Templo de Hércules, o Templo de Portunus e o Teatro Marcelo e a rede de esgotos do VI séc. a.C..
O que ver hoje nos arredores da igreja de São Jorge al Velabro
Hoje em dia vemos também dois arcos importantes: o “Arco dos Argentários” (Arco degli Argentari), que não tem forma de arco mas é assim chamado, e foi um monumento realizado pela corporação dos trocadores de dinheiro e dedicado ao imperador Setímio Severo (relevos dele e da sua família na decoração do seu interior) no III séc. d.C.. e o arco é o “de Jano”, que provavelmente não tem nada a ver com a antiga divindade, mas foi um arco que comemorava a vinda de Constâncio II à Roma.
O interior da igreja de São Jorge al Velabro
A fachada da igreja de São Jorge al Velabro é diferente da maior parte das igrejas de Roma por conservar a arquitetura românica no panorama predominantemente barroco da cidade: é uma visão maravilhosa passar por aqui durante o dia. No portico podemos ver algumas aberturas no chão que nos mostram o nível e decoração pavimental do período anterior à construção da igreja. O campanário é do século XIII e ocupa boa parte da nave da esquerda, onde existem alguns fragmentos de esculturas marmóreas que formam uma pequena, mas quase museal, galeria lapidária, entre as quais o delicioso relevo da Anunciação a Zacarias, iconografia palestina do IX século.
O interior é composto por três naves, ábside e cibório sobre os espólios de São Jorge, que corresponderia à metade do crânio do santo. As colunas são de espoliação (isto é, material reciclado de monumentos romanos), sendo que as duas primeiras da direita são consideradas particularmente preciosas por serem com canaluras e de mármore pavonazzeto (um mármore da Ásia Menor que tem estrias que parecem do rabo do pavão, daí o nome).
O pavimento do altar é cosmatesco em uma composição pouco comum em xadrez.
O afresco absidal é um tema controverso. A última teoria nos apresenta um trabalho do jovem Pietro Cavallini (1288), anterior ao Coro das Monjas da basílica de Santa Cecília em Trastevere – logo mais vou falar destes afrescos. Este seu trabalho representa o Cristo redentor entre a Virgem e os santos Jorge (à esquerda) e Pedro e Sebastião (à direita) em uma composição ainda insegura: do ponto de vista da representação dos personagens e do ponto de vista da habilidade em lidar com as cores.
A igreja sofreu um atentado no ano de 1993 que destruiu o pórtico, transformando-o em fragmentos recolhidos em mil caixas logo após um grande restauro, mas foi rapidamente e inteiramente reconstruída pelas fantásticas mãos mágicas dos excepcionais restauradores.
Endereço da igreja de São Jorge al Velabro
Via del Velabro, 19
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Bibliografia:
Guida Roma – Touring Club Italiano, 1993
Le chiese di Roma, Claudio Rendina, 2010
Aulas Prof. Simona Lupinacci
Catacumbas de São Calixto na Via Appia
No maravilhoso parque da Via Appia existem as mais famosas catacumbas, ou cemitérios dos primeiros cristãos. As catacumbas de São Calixto são das mais importantes e famosas pois possuem a Crypta dos Papas, pois no passado teve sepulturas de 8 bispos e 9 papas do séc. III d.C. (mesmo por que bispos e papas nos anos a.C. não existiam, não é mesmo?!).
A “cripta” (caverna ou catacumba) dos papas é o momento mais emocionante da visita, pois aqui vemos algumas incrições em lastras sepulcrais com as iniciais epì(scopos) = bispo ou MTR = mártir. Além disso foi montado um pequeno altar com colunas retorcidas em mármore, que acentuam a sacralidade deste lugar – este passeio é ideal para quem é fiel ou ama a história do cristianismo, como eu!
Relembro que a profissão de guia de turismo na Itália é regulamentada, portanto é necessário que o profissional escolhido seja um GUIA – e não ACOMPANHANTE – credenciado.
As catacumbas foram escavadas no substrato de origem lávica, o tufo, que servia perfeitamente à função de cemitério, pois é uma pedra “maleável” quando se escava, mas após algum tempo em contato com o oxigênio, se solidifica e fica bem resistente.
História e iconografia cristã nas Catacumbas de São Calixto
Estas catacumbas foram descobertas no século XIX pelo famoso e amado arqueólogo De Rossi. A maioria delas, já tinham sido naquele tempo, infelizmente, profanadas por bárbaros que procuravam no tesouros, como metais e pedras preciosas no seu interior.
Logo depois da cripta dos papas, podemos apreciar a cripta da Santa Cecília alguns afrescos com a representação da santa orando e do Cristo Onipotente com a bíblia na mão.
Do ponto de vista iconográfico, o que mais vemos nestas catacumbas de São Calisto é o mito de Jonas, comparado ao Cristo, por ter ficado “três dias no ventre do peixe”, Mateus 12-40: ” Portanto, assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre de um grande peixe, assim o Filho do homem estará três dias e três noites no coração da terra. ” É emocionante ver uma das primeiras representações de Jonas, do III século e pensar ao enorme Jonas do Michelangelo da Capela Sistina e refletir sobre o desenvolvimento da iconografia cristã, que, como já disse, é uma minha grande paixão!
Após este passeio, os cristãos saem com a fé reforçada e os interessados por arte colocam mais uma peçinha no quebra-cabeça que é esta nossa História da Arte!
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Endereço das Catacumbas de São Calixto:
Via Appia Antica, 110/126
Horário de Abertura: Orario di apertura 09.00 -12.00 // 14.00-17.00
Fecho: quartas-feiras; De 26 Janeiro a 22 fevereiro 2017: Pausa invernal: Fechada dia 25 dicembre, 01 Janeiros e domingo de Páscoa.
Ingresso: € 8
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Igreja de Santa Maria Antiqua no Foro Romano
A palavra de ordem para iniciar a falar da igreja de Santa Maria Antiqua no Foro Romano é “palimpsesto”, mais precisamente no sentido que a história da arte e arqueologia italiana atribuem a este conceito. Um palimpsesto era na Antiguidade um pergaminho que tinha sido cancelado para que se pudesse escrever um novo texto, mas que possui resquícios das inscrições anteriores.
O conceito importante aqui são as diversas camadasque este documento possui, de períodos que se sucederam, e portanto com formas e significados diferentes.
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Mitos e realidade sobre conhecer Roma
Compartilho nesta matéria alguns mitos e realidades sobre conhecer Roma. Não saberia bem dizer quando é que o Coliseu e o Vaticano ficaram famosos no mundo… imagino a partir dos anos ’50-’60 com filmes americanos que foram feitos aqui e com as viagens internacionais que começaram a se tornar mais frequentes em ambientes de negócios ou de pessoas que podiam pagar este tipo de viagem.
Interior do Coliseu, programão para a primeira visita à Roma
Sem dúvida, chegar em Roma sem saber nada (ou muito pouco) da sua história deve ter sido uma experiência muito impactante, em iguais proporções ao seu maior monumento: o Coliseu.
Foro de Traiano
Este monumento antigo tem capacidade estimada para entre 50.000 e 75.000 pessoas e para um viajante dos anos ’50-’60-’70 deve ter sido realmente uma impressão brutal que eventualmente fazia com que estas pessoas voltassem pra casa extremamente impressionados pelas dimensões “colossais” deste monumento.
Ao conhecer Roma, não confunda o Teatro Marcello com o Coliseu 😉
Se você pegar qualquer imagem na internet ou vir o mapa que está “pregado” no lado de fora do Foro Romano com a imagem da extensão do Império Romano do IV século, não pode não imaginar que se aqui era a capital deste império “mundial” que ditou regras, usos e costumes por 500 anos, famoso por construir edifícios gigantescos e aquedutos, não é matematicamente possível que tenha somente o Coliseu para ser visto em Roma.
O Capitólio na antiga cidade de Óstia
O período imperial teve seu ápice com uma capital que contava um milhão de habitantes; de onde vinha o grão para alimentar todo este povo? O mármore para revestir e adornar todos os palácios e casas de senadores e nobres? Quantos templos deveriam existir para pedir clemência e proteção e agradecer aos deuses? Onde enterravam-se os mortos? Estas são algumas perguntas que são respondidas com vários sítios arqueológicos que hoje são visitáveis, mas a maioria é extremamente desconhecida pelo grande público que vem à Roma, que vê o Coliseu e acredita ter visto Roma.
O antigo e maravilhoso teatro de Óstia!
Com a queda do Império Romano, em 476 d.C., aconteceu o fenômeno do “encastelamento”, formação de burgos, ascensão e afirmação da cultura bizantina que durou até o famoso ano de 1453, a queda de Constantinópoli. Aí estão mais mil anos de construções, edificações de igrejas maravilhosas, torres, burgos, castelos e monastérios.
Com a descoberta do “Novo mundo”, a nossa Roma já estava mais do que consolidada como “novo império” e recebe um novo impulso para reformar igrejas e construir novas, com o papa que abria estradas, construía hospitais (isso já desde à Alta Idade Média) e uma vasta nobreza e clero que moravam em palácios fantásticos, decorados luxuosamente.
Monastério Beneditino “Santo Speco“, Subiaco
Monastério Beneditino “Santo Speco“, Subiaco
Isso, para não falar do Renascimento tardio romano e do Barroco, iniciando pela primeira igreja jesuíta construída, a Igreja de Jesus, até à Fontana di Trevi, última obra monumental desta saga que tem 2800 anos e se chama Roma.
O Êxtase de Santa Teresa, na igreja de Santa Maria della Vittoria
Conhecer Roma como turista é saber reconhecer as fases principais desde à fundação da cidade no alto do Palatino no VIII antes de Cristo, passando pelo pelo Período Imperial (pois o Republicano nos deixou muito pouca coisa, por uma série de razões), Idade Média, Renascimento e Barroco, grosso modo, e para os mais audázes, visitar o bairro criado pelo Mussolini, a EUR.
Isso para não falar dos etruscos, que “ensinaram” aos romanos praticamente tudo o que nós apreciamos nos romanos!!!
Necrópole Etrusca de Cerveteri
Eu, saindo de uma tumba na Necrópole Etrusca de Cerveteri
Tem gente que vem à Roma e vê o Coliseu e Vaticano e diz que conhece Roma; tem gente que volta 2, 3, 4, 5 vezes para conhecer Roma.
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O Monastério de Santa Escolástica – bate e volta a partir de Roma
O grandioso Monastério de Santa Escolástica do “Vale Santo” (como é apelidada a zona de Subiaco) apresenta-se a nós com uma fachada pouco charmosa, reconstruída após os bombardamentos da II Guerra Mundial. A santa, “irmã gêmea” de São Bento de Norcia, nunca esteve aqui, mas teve a dedicação do monastério pela afinidade com São Bento.
O Monastério de Santa Escolástica bate e volta a partir de Roma
Aqui estiveram os famosos alunos de Guttemberg, Arnold Pannartz e Konrad Sweynheim, que ajudaram a imprimir o primeiro livro na Itália no ano de 1465, “De Oratore”, de Cícero; este evento extraordinário aconteceu aqui neste monastério, dando início à atividade tipográfica na Itália, e à construção da primeira tipografia fora do solo alemão!
A tradição faz com que neste monastério estejam reunidos 80 mil volumes, 280 manuscritos e 213 incunábulos (obras imprimidas antes da técnica introduzida por Guttemberg).
Monastério de Santa Escolástica
No primeiro pátio, chamado “Renascimental”, vemos a grande escultura da Santa Escolástica com a pomba, símbolo desta santa, e animal através do qual São Bento intuiu sobre a sua morte. A estrutura foi realizada entre os séculos XVI e XVII e a arquitetura é “afrescada” nas paredes.
O segundo pátio, chamado “Gótico”, foi construido entre os séculos XIV e XV e possui um poço realizado com restos da antiga mansão de Nero, sobre a qual muito provavelmente o inteiro monastério foi construido. Aqui já entramos uma atmosfera quase onírica e podemos apreciar o pátio com arcos românicos e o maravilhoso arco ogival “flamboyant” com influência catalã.
Através deste pátio vemos alguns afrescos no interior da entrada do bloco do lado oposto do arco “flamboyant” com histórias da vida de São Bento, inclusive as famosas cenas do sinal da cruz em frente ao cálice envenenado e a punição do monge “preguiçoso”, com as suas mãos que, contemporaneamente chicoteam e acareciam a sua cabeça.
O terceiro pátio é retangular e possui afrescos de cidadezinhas medievais sob domínio deste monastério (Cervara, Ponza) e outros de altíssima qualidade que representam os quatro evangelistas.
Quanto à arquitetura, encontramos uma raridade: colunas cosmatescas do XIII século sem a aplicação de pastilhas coloridas de pasta de vidro! Mas depois a gente fala por que desta escolha nesta obra singular dos cosmatas!
Se você se interessa por São Bento ou por monastérios beneditinos, aqui perto fica o “Santo Speco“, o lugar onde São Bento meditou por três anos e onde foi construído um segundo monastério. Não perca o post Orar e trabalhar: a revolução de São Bento
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São Bento no Lácio, uma paixão!
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Visitar o Mosteiro de São Bento
Visitar o Mosteiro Sâo Bento, que fica nos arredores de Roma é uma experiência incrível para quem deseja se aproximar da espiritualidade cristã. O passeio dura aproximadamente 4h. Aconselho combinar com outros mosteiros da região e fazer um dia inteiro de passeio nos arredores, aproveitando para saborear a gastronomia do campo dos arredores de Roma.
Da família nobre Anicia, nasceu São Bento em Norcia, no ano de 480 e veio à Roma estudar. Segundo a tradição, Bento aos 17 anos achou Roma uma cidade muito estressante e foi meditar no Monte Subiaco, a 75km de Roma, por três anos.
Feliz Aniversário pra melhor avó do mundo!
Visitar Mosteiro de São Bento
O Monastério de Subiaco fica a aproximadamente uma hora e um pouquinho de Roma, a mais de 600m sobre o nível do mar. O ar aqui é puro e seu perfume, sempre mediterrâneo.
A primeira residência do santo foi uma ex-casa do imperador Nero por isso aqui paramos para ver um pouco das ruínas que certamente faziam parte do antigo complexo, mas o que nos interessa ainda está um pouco mais adiante.
Contemplar e trabalhar – a revolução de São Bento
Nesta região, São Bento fundou doze núcleos monásticos, dos quais somente um sobreviveu ao tempo. Falaremos desta construção num próximo post.
O primeiro núcleo arquitetônico do “Sacro Speco” foi construido por Gregório Magno e dedicado a São Clemente. O que vemos hoje, esta maravilha arquitetônica encaixada na rocha que nos dá a sensação de estar suspensa no ar, é uma estrutura medieval do século XI: orgânica e espalhada sobre diferentes andares com escadas que os ligam e afrescos por todos os lados, este monastério atrai pessoas com interesse pela religião cristã ou simplesmente apaixonados por afrescos pré-renascimentais e lugares com atmosfera extremamente sugestiva nos arredores de Roma.
Fundamental a compreensão da vida monástica e a relação das tantas ordens que surgiram durante a Idade Média e o papado – veja bolla de 1202 – para entender a importância da regra beneditina!
A igreja superior tem suas origens no século XIV e é dividida em duas partes: a primeira, com afrescos da escola de Siena, do século XIV, cujos afrescos contam a última parte da vida de Cristo; a segunda, realizada por artistas da Umbria e das Marcas, do XV século, nos conta sobre a vida de São Bento.
O maravilhoso pavimento cosmatesco completa a beleza das paredes e do teto. O visitante sente-se facilmente transportado no tempo envolvido por tanta beleza.
Temos acesso à igreja inferior através de uma escada central, na frente da cátedra, onde vemos afrescos da escola romana do início do século XIII.
A “gruta sagrada” contém uma escultura no lugar onde acredita-se que São Bento meditava, realizada por um “nosso conhecido”, o incrível Antonio Raggi – de clara inspiração berniniana!
Entre tantos afrescos, tem um muito especial na Capela de São Gregório, pois representa São Francisco, provavelmente ainda vivo; acredita-se que tenha sido realizado em 1223, um ano antes do santo receber as estigmas.
Dos complexos originalmente fundados pelo santo, ainda está de pé e restauradíssimo, o Monastério de Santa Escolástica, aqui pertinho.
Eis aí mais um exemplo de um lugar perto de Roma para visitar onde, se você é cristão, vir aqui é uma experiência mística da sua religião; se você não é cristão, permanece o cunho espiritual desta excursão num lugar que emana paz, cultura e história… e tanta natureza!
Endereço:
Piazzale di Santa Scolastica, 1
Site oficial:
http://www.benedettini-subiaco.it/
A Revolução Cristã: Se você já viu Vaticano e Coliseu e deseja voltar à Roma, está pronto para entrar no maravilhoso mundo da aurora do cristianismo, este momento único da nossa história em que, praticamente, o mundo foi dormir pagão e acordou cristão.
O “Bom Pastor”, Catacumbas de Domitilla
Quem realmente gosta de Roma e, realmente, se interessa por História não pode ficar indiferente a este acontecimento revolucionário do mundo ocidental que foi o início do Cristianismo e as suas consequências na Arte, Arquitetura, nos usos e costumes da sociedade. Esta questão nos leva a outros mundo e nos faz atravessar milênios. Ninguém é o mesmo depois de uma excursão às catacumbas ou igrejas do IV século, as chamadas igrejas “paleocristãs”.
Cresci numa casa marcada pelas Ciências Humanas e meu foco para ver e interpretar o mundo é enraizado neste aspecto. Digo isso por que do meu ponto de vista, a iconografia cristã com a sua linguagem extremamente refinada é um dos temas mais interessantes para o viajante que já fez o básico em Roma. Aqui você pode acompanhar desde o início o resultado do “choque” e “síntese” entre as culturas pagã (que concebia seus deuses em formas extremamente realistas e antropomórficas) e judaica (que condenava a representação de Deus).
Num primeiro momento assistiremos à uma dissolução da arte clássica, acompanhada de uma re-semantização de temas pagãos (famoso o Orfeu) e do surgimento de inscrições simbólicas como o peixe-acrônimo (ΙΧΘΥΣ isto é, Ichtys no alfabeto em latim Jesus Cristo Filho de Deus), e em seguida a representação de cenas bíblicas (Jonas) e evangélicas (Lázaro), conotações claras à salvação e à ressurreição.
“Jonas”, Catacumbas de São Calixto
Não sei se dá para perceber que através deste momento do cristianismo conseguimos seguir passo por passo um momento em que a mente humana atribui significados simbólicos a um evento histórico, com consequente desenvolvimento de uma iconografia e de valores que vão ser a base da nossa cultura. Não é sensacional?
A Revolução Cristã – “Orador”, Catacumbas de São Calixto
A nossa excursão nos mostra o início deste momento tão importante para cristãos, ateus ou pessoas de outras religiões. Vem com a gente!
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Bibliografia:
F. Bisconti, “Temi di iconografia paleocristiana” , Roma, PIAC; 2000
G.C. Argan, “Storia dell’Arte italiana”, Roma, Sansoni, 1988
Aulas da Profssa. Elena Zocca, “Storia del Cristianesimo”, Fac. Lettere e Filosofia, La Sapienza.
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Afrescos Medievais da Capela de São Silvestre
A capela de São Silvestre do complexo dos Santos Quatro Coronati oferece um ciclo de pinturas medievais do mesmo período (em torno ao ano de 1246).
Aqui as representações são mais usuais, pois se trata de histórias da vida do Imperador Constantino e de Papa Silvestre.
A capela de dimensões modestas é uma construção composta por uma única nave e sem ábside, com “scarsella” (altar de pequenas dimensões e com planta quadrada). O teto apresenta uma cor clara, provavelmente para ajudar a iluminar o ambiente na época em que foi construída, dado que em tempos difíceis, aberturas e janelas grandes não eram uma boa ideia!
Incrível e um unicum as inserções policromáticas no teto, em forma de cruz.
Sobre a porta de entrada temos um “Juizo Final” com Cristo no centro entre a Virgem e o João Batista. No segundo plano, vemos os objetos do martírio: pregos, lanças e a coroa de espinhos.
A iconografia da parede de entrada é ligada ao papa “em exílio no Monte Soratte” conta a história de Constantino quando esteve com lepra e a visão dos santos Pedro e Paulo, que o aconselham buscar o papa Silvestre e trazê-lo de volta à Roma. As cenas seguintes se extendem à parede da esquerda e se referem ao milagre da cura do mal de Constantino e a gratidão e batismo do imperador. A parede direita da capela conta histórias de Santa Helena, mãe do imperador Constantino e reponsável pelo achamento da Santa Cruz em Jerusalém.
Capela de São Silvestre
Apesar da técnica ainda não ter um desenvolvimento completo, pois os afrescos não são dos mesmos maestros da Aula Gotica: as figuras não transmitem uma sensação de espaço tridimensional e as representações da Natureza ainda estão longe do realismo do Renascimento, mas o simples fato de poder ver afrescos deste período em ótimo estado de conservação é uma experiência pra lá de enriquecedoura.
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Oratório de S. Silvestre
Endereço: Via dei Santi Quattro, 20
Horários: 10.00 – 11.45 / 16.00 – 17.45 (fechado domingos de manhã).
Sobre mim
Olá, eu sou a Patricia e me apaixonei por Roma em 1994, quando ainda era uma estudante de Artes Plásticas em Hamburgo. Desde então fiz várias viagens para estudar a Cidade Eterna e em 1998 me mudei para cá. No Turismo estou desde 2007, quando comecei a trabalhar com alemães. Sou guia credenciada em Florença e Roma e este blog é um elogio muito pessoal sobre a minha paixão pela cultura Clássica. Na minha equipe trabalham as melhores guias que falam português nas principais capitais italianas, escolhidas a dedo por mim ao longo dos anos.
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setembro 13, 2011
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