Palermo, cidade que faz juz à sua bagagem cultural, Palermo nasceu sobre uma terra extremamente fértil. A Sicília é uma ilha maravilhosamente mediterrânea, onde povos arcaicos caminharam desde o terceiro milênio antes de Cristo. A maior ilha do mediterrâneo teve a sua terra cultivada, uma produção enorme de conhecimento e nos oferece uma quantidade infinita de áreas arqueológicas, palácios, igrejas e obras de arte.
Dez razões para ver e se apaixonar por Palermo
Palermo é o resultado de mais de 4 mil anos da presença humana neste território que faz com que esta cidade seja um dos cantos mais fascinantes desta terra. Palermo, como toda a Sicília, se apresenta hoje à nós como cidade grega, onde após à dominação romana (254 a.C.-491 d.C.), o próprio cônsul era obrigada a deixar o latim de lado para interagir com o governo local.
Palermo cairá sob os domínios bizantino, árabe, normando, svevo, angioino e espanhol, até chegarem os austríacos e os Bourbons.
E o que nós podemos ver do resultado desta imensa e maravilhosa história?
O que ver em Palermo:
Primeira parada: vamos começar das belezas naturais, miha escolha é o Etna. O vulcão deu à essa terra a fertilidade necessária para que fosse possível colher excelentes produtos!
Comemorar meu aniversário no alto deste vulcão maravilhoso e potente foi o que desejei no ano de 2015. E aqui estou em, em Novembro, subindo o vulcão. Foi uma grande emoção, um desejo realizado de cujas memórias levarei sempre comigo!
Capela Palatina:
Segunda parada: correndo, à Capela Palatina!
Localiza-se no primeiro andar do Palácio Real, entre os pátios Maqueda e o pátio da Fonte.
Com dimensões de 32m de comprimento, a planta basilical em cruz latina funciona em maneira perfeita, com a planta em cruz grega do batistério.
Aí o lance é olhar para o alto, para ver os maravilhosos mosaicos bizantinos que com seu fantástico equilíbrio de cores e luzes que têm a clara intenção de nos envolver em um clima fortemente místico. O plano iconografico da cúpola glorifica o Cristo Pantocrator, ou Cristo Onipotente e no arco do triunfo, vemos uma maravilhosa Anunciação com o Anjo Gabriel à esquerda e Maria à direita.
Nos arcos do transepto, temos profetas, santos e santas, e cenas da vida de Cristo. Segue aqui embaixo a “Entrada em Jerusalém”, da parede do lado Sul.
Na nave central, temos o Antigo Testamento, com temas que vão da “Criação” à “Luta de Jacó com o Anjo”.
Agora, isso tudo sem falar da loucura que é o teto árabe da Capela Palatina que rompe com a tradição cristã e permanecerá uma mistura ú-ni-ca no Mediterrâneo!
Duomo de Palermo:
Terceira parada: pertinho do Palácio Real, não podemos perder o Duomo de Palermo, qualquer coisa como um escândalo de construção típica palermitana. Construído na Baixa Idade Média sobre uma basílica cristã, que tinha sido transformada pelos árabes numa mesquita, sucessivamente transformada pelos normandos em uma igreja. Consagrada antes de ser terminada em 1185.
Durante o século XIV a construção sofreu influências do gótico catalão (portões, arcos e nervuras); e aí está: à geometria pura dos normandos foram adicionados os luxuosos detalhes do gótico florido.
No século XVIII, o nosso velho conhecido de obras em Roma (Santa Maria Maior e Sant’Apollinare), Ferdinando Fuga, mudou a planta da igreja em uma cruz latina e adicionou a cúpola.
Igreja, mesquita, normandos, igreja e cúpola… ficamos sem palavras!
Capela de São Cataldo:
Quarta parada: então, já que estamos perto do Duomo de Palermo, não dá para não entrar na Capela de São Cataldo, cuja arquitetura nos atrai como um imã para dentro das suas paredes (Patrimônio UNESCO desde 2015 – “Itinerario Arabo-Normanno di Palermo, Cefalù e Monreale“!
Construída em 1154, possui arquitetura con claras características islâmicas com 3 cúpolas vermelhas que fazem um maravilhoso contraste com as rochas arenárias claras, veja isso!
Foto de palermodintorni.blogspot.it
O interior exprime a sua beleza através da sobriedade normanda: nenhum afresco, somente um crucifixo pendurado sobre o altar; este é feito em mármore e decorado com o Agnus Dei no centro e os símbolos dos evangelistas nos quatro ânegulos de uma cruz imaginária; o jogo de arcos que sustentam as cúpolas, representação do céu.
Lateral do Duomo de Monreale
Duomo de Monreale:
Quinta parada: ver o pátio e o Duomo de Monreale, pérola da arquitetura normanda com mosaicos bizantinos e pórtico barroco, é um jeito de estar no coração de Palermo e das suas misturas culturais.
A lenda nos conta que a catedral foi erguida após um sonho de Guilherme II da Sicília, da família Altavilla. A Virgem teria contado sobre um tesouro embaixo de uma árvore de alfarroba. Ela pedia a ele desenterrar o tesouro e construir um templo em sua homenagem. O rei mandou cavar e de fato encontrou moedas de ouro e iniciou a magnífica construção.
Difícil um pátio tão lindo quanto este: as colunas de mármore são todas decoradas, uma diferente da outra, com pasta de vidro colorida. Os capitéis são uma raridade e, neste tema, os mais lindos que vi na vida: esculpidos com flores, frutas ou passanges da bíblia (“capitéis historiados”).
E o que dizer do interior do Duomo?! Simplesmente não há palavras para descrever tanta beleza. A nave central conta estórias do Antigo e Novo Testamento. As cenas que mais me marcaram foram a multiplicação dos pães e a hemorroíssa, uma cena do Novo Testamento que gosto muito e que raramente vi representada em igrejas.
Jardim Botânico:
Sexta parada: bom, quem acompanha o blog sabe que estudei Arte Plásticas na Alemanha, e exatamente por essa razão vim parar na Itália, isto é, pelo amor que os alemães têm por este país. Como não visitar o Jardim Botânico onde Goethe fez questão de vir na sua viagem à Itália em 1787, para procurar a sua Urpflanze?! Eu não sou louca nem, nada, e lá fomos nós.
Entramos como loucos atrás da grande Figueira da Austrália, Ficus macrophylla, símbolo do Jardim Botânico de Palermo. É realmente um esplendor de árvore, importado das Ilhas Norfolk em 1845.
A história do Jardim Botânico é curiosa, pois a intenção da sua criação era de cultivar plantas medicinais para a saúde pública!
O “Aquarium”, grande bacia para as plantas aquáticas foi inaugurada em 1798.
A estufa “Maria Carolina”, construída em 1823. Desde 1923 o Jardim Botânico faz parte da do Departamento de Botânica da Universidade de Palermo.
Igreja de Santo Agostinho em Palermo:
Sétima parada: Igreja de Santo Agostinho.
Maravilhosa fachada da época normanda-sveva-angioina com rosácea e brasões da importante família Chiaramonte e Sclafani. O choque é entrar nesta igreja e se deparar com capelas barrocas e túmulos renascentistas.
Interessante a reforma feita durante o século XVII pelo Serpotta, que foi inseriu lesenas entre as capelas e realizou esculturas das virtudes franciscanas: a Fé, Humildade, Mansidão, Modéstia, Verdade, Justiça, Teologia, Caridade. No seu interior, um lindo São Jorge de Antonello Gagini (1526).
Curiosidade: em dialeto siciliano “serpe” significa lagartixa, e foi com uma lagartixa que o artista afirmou a sua autoria na segunda alegoria à direita.
Na praçinha na frente desta igreja comemos fantásticas focaccie na Antica Focacceria San Francesco: ambiente romanticamente conservado dos anos ’50, ótimos preços e prato feito com amor. Aqui passaram nossos ídolos sicilianos, os juízes Falcone e Borsellino.
Igreja de São Domingos em Palermo:
Oitava parada: San Domenico, flores para o juiz brutalmente assassinado. Quando fiz meu primeiro curso de italiano, na noite dos tempos, aprendi o ABC da cultura contemporânea italiana, isto é, aprendi a idolatrar Giovanni Falcone e Paolo Borsellino. Nesta minha última ida à Palermo, não pude deixar de fazer uma pequena homenagem a este grande personagem palermitano!
Na Capela de San Giuseppe, um fantástico barroco palermitano!
Aqui a dica é dupla, pois além da beleza da igreja com a fachada barroca, estamos praticamente atrás do famoso mercado da Vucciria, atrás da Piazza Garraffello, onde compra-se peixe e comem-se sanduíches feitos na hora.
Monte Pellegrino e a “Santuzza”:
Nona parada: Monte Pellegrino. Se você for das caminhadas e trekkings, pode subir o Monte Pellegrino (definido por Goethe como o “monte mais lindo do mundo”) e ir visitar a “Santuzza”, ou Santa Rosalia, lugar de culto mais importante de Palermo. Ar puro e vegetação mediterrânea, fantástica vista sobre a baía. A subida pode ser feita do lado da Addaura, onde encontraram pinturas pré-históricas em cavernas!
Décima parada: Gênio de Palermo. Essa é uma pegadinha! Não é um “monumento” em um lugar específico; vão ter vários, mas não muitos, dos Gênios de Palermo durante as tuas caminhadas. São exatamente seis as figuras que representam esta estranha figura com coroa e serpente que parece morder o peito da figura masculina.
Ela representa a alma de Palermo, o protetor da cidade, figura sem dúvida ligada a antigos cultos pagãos que nunca foram completamente apagados!
Tentamos delinear o seu significado, mas o fato é que ela permanece um mistério entre os tantos da cidade!
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Palácio Abatellis de Palermo:
Falar de uma das mais importantes cidades italianas sem “esforar” os monumentos é impossível.
Não perca o maravilhoso Palácio Abatellis, com a arquitetura em estilo gótico-catalão, verdadeira pérola da cidade, com uma coleção de quadros incríveis, cujas obras que nominarei aqui são a “Anunciada” (Nossa Senhora) de Antonello da Messina, gênio siciliano do Renascimento que não deve nada aos grandes mestres umbros, emilianos e florentinos, e o curioso afresco do “Triunfo da Morte”.
Anunciada, Antonello da Messina, ~1476, óleo sobre madeira, 45×34,5cm
Mais sobre a Sicília:
Comida na Sicília, uma pequena introdução: https://guiaderoma.blogspot.de/2015/08/o-que-e-que-sicilia-tem.html
Palermo: https://guiaderoma.blogspot.de/2016/08/se-uma-cidade-e-tao-fascinante-quanto.html
Selinunte: https://guiaderoma.blogspot.de/2016/10/selinunte-grecia-aqui-na-sicilia.html
Catânia: https://guiaderoma.blogspot.de/2015/08/o-museu-arqueologico-de-siracusa.html
Siracusa: https://guiaderoma.blogspot.de/2015/07/especial-sicilia-siracusa.html
Museu Arqueológico de Siracusa: https://guiaderoma.blogspot.de/2015/08/o-museu-arqueologico-de-siracusa.html
Trapani: https://guiaderoma.blogspot.de/2015/08/trapani-o-sal-e-o-vinho.html
Aqui o post sobre Ginostra, uma cidadezinha que fica em Stromboli: https://www.romaemportugues.com.br/ginostra-na-sicilia/