Lucus Feroniae foi um antigo santuário sabino ao norte do Lácio, aos pés do MonteSoratte, já ativo no VIII século a.C. (40 minutos de Roma) e dedicado à deusa Feronia, equivalente à Perséfone (ou Proserpina), cuja festa era celabrada dia 13 de Novembro. Strabone nos conta sobre a celebração de um ritual onde “pessoas possuídas pelo demônio” caminhavam sobre brasas e cinzas com pés descalços, sem que se ferissem.
Entre Roma e Florença existe um enorme e maravilhoso complexo artístico de dois hectares ao ar livre com esculturas gigantescas: o Jardim do Tarô, da artista francesa Niki de Saint-Phalle (1930-2002). Se você estiver percorrendo este trecho de carro, é uma pausa inesquecível na sua viagem.
Hoje o blog completa 7 aninhos de existência. Estou comemorando com um post sobre um lugar bem pertinho de Roma onde passei horas muito felizes.
Quem foi Niki de Saint-Phalle
A artista autodidata iniciou a sua carreira após uma estadia em um hospital psiquiátrico tomando choques elétricos e psicofármacos. Aos poucos começou a pintar e realizar pequenas esculturas e desenvolveu uma linguagem única caracterizada por elementos com um forte caráter matriarcal, como as “nanas“, que eram figuras com seios e ancas acentuados (como as “Vênus” pré-históricas), e pela fantasia infantil (monstros e seres de fábulas).
Quando Niki de Saint-Phalle fala sobre o seu trabalho, descrive-o assim: “(…)[são] esculturas atemporais, lembranças de antigas culturas e sonhos(…)”.
Na prática e nas dimensões gigantescas do parque “Jardim do Tarô“, somos apresentados a ambientes fechados e abertos que quase imitam uma urbanização de uma micro-aldeia de um país inventado, onde podemos entrar nas eculturas em forma de casa (onde Niki morou), cachoeiras, praças, torres, muros e até uma igreja.
Fundamental na sua biografia, e digo isso só por que influenciou muito o seu modo de trabalhar, foi o encontro com o genial artista suíco Jean Tinguely (quem já teve o prazer de ver as suas esculturas e fontes na Suíça sabe do que estou falando) e seu grupo de colegas que repudiava a arte informal que estava tão na moda naquele período, para reciclar objetos, transformar e dar um novo valor semântico a materiais considerados “lixo”.
O Jardim do Tarô de Niki de Saint-Phalle
A respeito da criação deste parque onírico, que iniciou em 1979 e cuja construção durou mais de 17 anos, Niki afirma “(…) deixei a tortura [da sua “doença mental”] para trás. Eu sinto uma ligação mística com a natureza, com o ar, com a luz. Eu sou uma andarilha que procura obstinadamente um tesouro, mas que pouco antes da grande descoberta pára e toma consciência que a procura do tesouro é o próprio tesouro (…)”. Prova disso é que as suas figuras estão harmoniosamente integradas na natureza da “Maremma toscana” (como é chamada esta região); são manchas de cor e vida no meio de oliveiras e pinheiros bravos sobre a terra ocra selvagem onde lobos e raposas caminham livremente.
O Jardim do Tarô está dentro de uma tradição muito italiana iniciada no século XVI (Villa D’Este em Tivoli) e XVII (Bomarzo) de criar jardins fantásticos. Na sua aversão por linhas retas é também clara a influência do Parque Güell de Gaudi, em Barcelona, que a artista afirma ter conhecido em 1955.
Obras do Jardim do Tarô de Niki de Saint-Phalle
Em 1998 o Jardim do Tarô de Niki de Saint-Phalle foi aberto ao público com 22 criações nas formas dos arcanos maiores das cartas de tarô – a definição de “arcano” do dicionário Priberam é 1. Mistério, segredo. 2. Altos juízos. 3. Remédio secreto. São os “trunfos” do maço de cartas.
Niki de Saint-Phalle viveu dentro da “Imperatriz”. Para mim, o grande pulo do gato é pegar o mapa-ticket que eles dão na entrada e ir diretinho lá, para chegar antes de todo mundo e ter o prazer de visitar sozinho esta parte tão especial do Jardim dos Tarôs, que foi a sua casa. A janela redonda tem vista para o mar!
Vale à pena subir em todas as escadas onde for permitido subir, caminhar em todos os muros e sentar la frente da Fonte de Stravinsky (onde se vê bem a presença de Tinguely), que é a “Roda da Fortuna”, lá ficar por alguns minutos observando e deixando-se levar pelas formas criadas da artista que transformou seu sonho em realidade.
Muito curioso também é como foi feito tudo isso: são estruturas em vergalhões tipo CA (fios de ferro) que dão a forma à construção/ escultura penetrável, cobertos por cimento e decorados com mosaicos e cerâmica pela ceramista Venera Finocchiaro. Os mosaicos são um tema à parte: espelhos e vidros de Murano ou de artesãos da República Tcheca, pastilhas de cerâmcia que foram modeladas e queimadas alí mesmo durante a construção. Nem todas as esculturas foram feitas em menor escala, para depois serem construídas, e quem encarou esta encrenca técnica da reprodução do modelo da Niki de Saint-Phalle foi o próprio Tinguely e um artista holandês, Doc Wilson. Venera Finocchiaro modelava as peças em argila sobre a construção de cimento para que a aderência fosse perfeita, antes de queimá-las – por que você vai se perguntar “como eles conseguiram fazer isso?!” quando estiver lá.
Elementos do Jardim do Tarô
As esculturas menores com cores vibrantes: a Temperança, os Namorados, a Papisa, o Mundo, o Eremita, a Morte e o Pendurado, e “la Scelta” (número VI no mapa e qua não sei qual carta seja em português!!!) foram feitas na França, por Niki e seu assistente Marcello Zitelli e transformadas em esculturas de resina de poliéster pelo artista francês Gerard Haligon, que até hoje é o restaurador oficial das peças do Jardim.”
Antes de ir, olhava as fotos e pensava que fosse uma coisa “até que divertida”, para crianças…
Quando cheguei lá fiquei profundamente comovida com o parque e fui envolvida pela sua atmosfera harmônica, pela história da vida da artista, pela natureza, enfim, pelo cuidado e amor com o qual tudo isso foi construído… e ainda por cima todo o esforço que deve ter sido conseguir este terreno (da família nobre Caracciolo) e levantar os fundos de 10 milhões de Liras (quase 10 milhões de euros) de iniciativa privada para realizar esta enorme obra… simplesmente para todo o pessoal que tem vindo à Itália e feito esta viagem de carro, uma parada aqui é como caminhar algumas horas em um sonho.
Bibliografia:
“Niki de Saint-Phalle”, por Carla-Schulz Hoffmann
ilgiardinodeitarocchi.it
INFORMAÇÕES PRÁTICAS sobre como chegar no Jardim do Tarô
É um passeio para crianças pequenas e adultos até à idade onde subir escadas e as pequenas irregularidades do terreno seja um prazer. Tem uma fonte de água potável e bancos e áreas para descansar durante o percurso.
De Roma são 132 km percorríveis em 1h40min na estrada E80.
Não é possível chegar com os meios de transporte público e não há restaurantes por perto (só um pequeno quiosque com comida congelada, bebidas e sorvetes industriais); coma bem antes de chegar!
O Jardim só abria de tarde quando eu fui. Ligue antes para confirmar o horário de abertura que não está anunciado no site oficial!
Loc. Garavicchio, 58011 Capalbio Grosseto
Tel. +39-0564-895122
ilgiardinodeitarocchi.it
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Visitar o Mosteiro de São Bento
Visitar o Mosteiro Sâo Bento, que fica nos arredores de Roma é uma experiência incrível para quem deseja se aproximar da espiritualidade cristã. O passeio dura aproximadamente 4h. Aconselho combinar com outros mosteiros da região e fazer um dia inteiro de passeio nos arredores, aproveitando para saborear a gastronomia do campo dos arredores de Roma.
Da família nobre Anicia, nasceu São Bento em Norcia, no ano de 480 e veio à Roma estudar. Segundo a tradição, Bento aos 17 anos achou Roma uma cidade muito estressante e foi meditar no Monte Subiaco, a 75km de Roma, por três anos.
Feliz Aniversário pra melhor avó do mundo!
Visitar Mosteiro de São Bento
O Monastério de Subiaco fica a aproximadamente uma hora e um pouquinho de Roma, a mais de 600m sobre o nível do mar. O ar aqui é puro e seu perfume, sempre mediterrâneo.
A primeira residência do santo foi uma ex-casa do imperador Nero por isso aqui paramos para ver um pouco das ruínas que certamente faziam parte do antigo complexo, mas o que nos interessa ainda está um pouco mais adiante.
Contemplar e trabalhar – a revolução de São Bento
Nesta região, São Bento fundou doze núcleos monásticos, dos quais somente um sobreviveu ao tempo. Falaremos desta construção num próximo post.
O primeiro núcleo arquitetônico do “Sacro Speco” foi construido por Gregório Magno e dedicado a São Clemente. O que vemos hoje, esta maravilha arquitetônica encaixada na rocha que nos dá a sensação de estar suspensa no ar, é uma estrutura medieval do século XI: orgânica e espalhada sobre diferentes andares com escadas que os ligam e afrescos por todos os lados, este monastério atrai pessoas com interesse pela religião cristã ou simplesmente apaixonados por afrescos pré-renascimentais e lugares com atmosfera extremamente sugestiva nos arredores de Roma.
Fundamental a compreensão da vida monástica e a relação das tantas ordens que surgiram durante a Idade Média e o papado – veja bolla de 1202 – para entender a importância da regra beneditina!
A igreja superior tem suas origens no século XIV e é dividida em duas partes: a primeira, com afrescos da escola de Siena, do século XIV, cujos afrescos contam a última parte da vida de Cristo; a segunda, realizada por artistas da Umbria e das Marcas, do XV século, nos conta sobre a vida de São Bento.
O maravilhoso pavimento cosmatesco completa a beleza das paredes e do teto. O visitante sente-se facilmente transportado no tempo envolvido por tanta beleza.
Temos acesso à igreja inferior através de uma escada central, na frente da cátedra, onde vemos afrescos da escola romana do início do século XIII.
A “gruta sagrada” contém uma escultura no lugar onde acredita-se que São Bento meditava, realizada por um “nosso conhecido”, o incrível Antonio Raggi – de clara inspiração berniniana!
Entre tantos afrescos, tem um muito especial na Capela de São Gregório, pois representa São Francisco, provavelmente ainda vivo; acredita-se que tenha sido realizado em 1223, um ano antes do santo receber as estigmas.
Dos complexos originalmente fundados pelo santo, ainda está de pé e restauradíssimo, o Monastério de Santa Escolástica, aqui pertinho.
Eis aí mais um exemplo de um lugar perto de Roma para visitar onde, se você é cristão, vir aqui é uma experiência mística da sua religião; se você não é cristão, permanece o cunho espiritual desta excursão num lugar que emana paz, cultura e história… e tanta natureza!
Endereço:
Piazzale di Santa Scolastica, 1
Site oficial:
http://www.benedettini-subiaco.it/
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Monte Soratte – bate-e-volta de Roma
Visitar o Monte Soratte é uma ótima ideia para quem vem à Roma procurando turismo religioso, trekking ou afrescos da Idade Média. É um lugar apaixonante e com ótima comida, a menos de uma hora de Roma.
No meio de uma planície encontra-se esta montanha de 693m de altura, um lugar que sempre foi considerado especial pelas culturas que viveram aqui perto, tanto que o primeiro templo no alto da montanha foi construído no II séc. a.C..
Durante a “Festa da Montanha”, cidadãos do “Grupo Histórico” da cidade fazem comidas típicas e servem em roupas medievais.
Essa mítica montanha tem também a ver com os afrescos da Capela de São Silvestro pois segundo uma tradiçao ligada à conversão do imperador Constantino ao cristianismo, o imperador sofria de lepra e seus médicos não sabiam mais o que fazer e sugeriam loucuras, como tomar banho no sangue de 40 crianças, coisa que o imperador não fez. E aí apareceram Pedro e Paulo num sonho num sonho do imperador, que diziam a ele de ir buscar Papa Silvestro que estava exiliado no Monte Soratte para curá-lo.
Constantino manda seus soldados buscarem o Papa, que volta e apresenta imagens dos santos aparecidos no sonho do imperador. Em seguida, o Papa é batizado por Silvestre e sua lepra é curada – contra toda a aprovação da corte imperial!
Daí à conversão do imperador e ao famoso “Edito de Constantino”, que liberava o culto aos cristãos foi tudo muito rápido.
No alto do Monte Soratte, com uma vista de tirar o fôlego a 360°C, encontra-se o que hoje é chamado o êremo onde o santo viveu durante o exílio e onde foi construida uma igreja dedicada a São Silvestre, que contém afrescos realizados entre os séculos XIII e XVIII.
Interessante o ciclo com estórias de Santa Bárbara, imagens de São Francisco e algumas imagens da Virgem com o menino Jesus.
Não é novidade que a gastronomia faz parte da cultura aqui na Itália. Comemos muito bem: sopa de legumes (a melhor que comi na minha vida) e gnocchi al ragù
Na cripta, maravilhoso capitéis românicos e imagens de São Silvestre e do Arcânjo Miguel.
Ciclo de Santa Barbara, Igreja de São Silvestre
Passei dois dias maravilhosos na casa de uma amiga que é de Sant’Oreste, a cidadezinha mais próxima, construída no Monte Soratte. Mas como fica muito perto de Roma, é possível realizar um bate-e-volta, com parada no caminho em tratoria típica.
Para o seu roteiro personalizado na Itália com guia em português não hesite em escrever para Guia Brasileira em Roma para pedir seu orçamento.
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A Mansão de Livia
Roma nível III, para quem já viu o básico de Roma, algumas partes dos arredores, como ÓstiaAntiga, Villa Adriana, Região dos Lagos e alguns museus além do Vaticano: você está pronto para ver mais uma curiosidade do mundo antigo: a discreta Mansão de Livia. Lívia foi a esposa do primeiro imperador, Augusto, e quando encontraram esta mansão do campo no século XIX, os arqeueólogos decidiram de chamá-la “de Livia” pois esta mansão tinha pertencido à sua família (lado paterno). Trata-se, então, de uma mansão do período republicano e esta é uma das razões que nos traz à esta zona, a somente a 20km de Roma.
A Mansão de Livia – ad gallinas albas
« (…) Livia Drusilla, que depois do casamento chamou-se Augusta, quando tinha a data fixada do casamento com César, uma águia deixou cair no seu colo, intacta,uma galinha de um branco extraordinário, (…)este fato aconteceu na mansão dos Césares ao longo do rio Tibre, no nono milho da via Flamínia, que por isso ficou conhecida como ad Gallinas…. »
Plinio, Historia Naturalis , XV, 136-137
Esta mansão foi mencionada nao somente por Plinio, mas também por Suetônio (Galba 1) e Dião Cássio.
A Mansão de Livia, visao geral
Cultivaçao de louros
As indicações nos textos antigos era muito clara: a Mansão de Livia tinha sido construida numa colina perto da marcação do IX milho da Via Flamínia, uma das antigas estradas romanas que levavam ao norte. Hoje em dia o glamour antigo infelizmente não pode ser percebido, a menos que a sua guia o traga de volta, descrevendo o que deve ter sido isso na virada do milênio, isto é quando Augusto e Lívia passavam seu tempo relaxando aqui!
Exemplo de afresco do atrio, com o preto especial
Afrescos dos aposentos dos hospedes
Curiosa a lenda que deu o sobrenome à mansão “ad gallinas albas”, que conta a estória de uma galinha branca que teria caído com um ramo de louro no bico das presas de uma águia, bem no colo da imperatriz. Imediatamente este fato foi considerado como uma mensagem dos deuses e foi plantado um “loureto”; a galinha foi criada na propriedade, dando início à uma criação de galinhas brancas. Todos os triunfos que Augusto celebrou tiveram uma coroa de louros que vinham desta propriedade; e no periodo de Nero, conta-se que a cultivaçao secou!
A “natatio”
Nesta mansão caracterizada pela austeridade (um dos principais valores da política de Augusto), vemos a parte privada do casal imperial, a parte onde recebiam hóspedes e até onde os aposentos de eventuais hóspedes. Veremos o impluvium, a plantação de hervas e temperos (re-plantada como na antiguidade!), termas, hipocaustos, restos de afrescos e tapetes com mosaicos (geométricos e figurativos).
Mosaicos com temas geometricos
Mas a maior emoção é, sem dúvida, ver o famoso semi-hipogeu de onde os restauradores destacaram os afrescos maravilhosos que estão no último andar doPalácio Mássimo. Para quem conhece este museu e estes afrescos, vir a esta Mansao de Lívia nos arredores de Roma é poder atravessar mais uma porta do passado e viver a emoção da beleza e aromas da antiguidade, a raiz da nossa sociedade.
O famoso semi-ipogeo com tecidos que lembram os maravilhosos afrescos
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Como chegar:
A Villa di Livia fica no interior do parque da comune de Prima Porta
Via della Villa di Livia, Prima Porta.
Com os meios de transporte público: trenzinho de Roma, a partir do Piazzale Flaminio/ Euclide, Ferrovie Roma Nord, estação Prima Porta; de carro a partir de Roma: Via Flaminia, direção Prima Porta, cemitério.
É aconselhável reservar: +39 06 399 67 700
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Arredores de Roma: Città Ducale
E o que faz uma pessoa que trabalha com o turismo quando tem um fim de semana livre, excepcionalmente? Naturalmente, turismo! A caríssima amiga Elizabeth Frolet me convidou para ir à sua casa na Città Ducale e fazer um passeio pelas “Quatro Águas”, ali nos arredores.
Não escolhemos dia nem hora, é quando temos um bater de asas de borboleta para dar uma volta antes de voltar à grande responsabilidade que é planejar e cuidar das tuas férias, para que tudo seja como num sonho, que escapamos.
Esta zona é cheia de fontes de água, águas para beber, águas para curar, águas para nadar, e naturalmente com muito prazer seguimos o roteiro da nossa amiga, que guiava com grande intimidade nas estradinhas cheias de curvas e bifurcações, pois ela estava “em casa”.
Città Ducale, cidadezinha medieval lindinha e pequenininha foi um ótimo começo. A fachada românica da igreja me deu mais esperanças do que fatos concretos sobre o seu interior,mas as ruazinhas até à antiga torre foram uma verdadeira viagem no tempo. No século XX iniciaram as “descobertas” dos materiais medievais e antigos nas construções, atrás do reboque, e muitas cidadezinhas têm, então, colunas medievais, peças de sarcófagos pagãos nas suas “paredes”. E assim é uma das ruas principais de Città Ducale. Adorei!
Depois de um bom café na praça e de uma conversa de bar, saímos para o passeio. A primeira parada foi muito emocionante, pois o lugar, uma igreja abandonada e implodida pela força de correntes subterrâneas tem uma atmosfera estranhíssima, de beleza romântica-goethiana e foi cenário de filme de Tarkovskij (“Nostalgia”); ali perto, bebi água da fonte, mas a fonte era frizzante, isto é, com gás, coisa mais rara!
E assim foram-se duas águas. A terceira era sulfúrica, com uma cor surreal, água mágica que cura. Infelizmente não podemos nadar, pois a quantidade de enxofre é tão alta que pode ser letal. Existem estruturas onde entrar na água é permitido, aliás, é o grande barato. Depois destas emoções caiu bem o almoço a base de pasta e vinho, num lugar que a Elizabeth frequenta há muito tempo. O vinho ignorante servido na jarra nos ajudou mais ainda a nos esquentar e curtir este dia que estava ainda começando!
Na quarta água estávamos num grande lago, que Elizabeth disse ter 90m de profundidade e onde ela nada no verão. A cor do lago era linda, apesar do chuvisco que começava a cair e movimentar a superfície-espelho do lago.
Desde à ida à Città Ducale, Elizabeth falava neste castelo “tipo do Marques de Sade”, que eventualmente passaríamos no nosso retorno. Depois de muitas curvas e muitos bosques de castanhas, eis que numa descida, também em curva, vemos aparecer a ponta das torres, as pedras características de uma massiça construção medieval. In-crí-vel. Aqui no Lácio não é comum este tipo de construção, e de fato, não estávamos no Lácio, mas em Rieti – mas é tão pertinho de casa, que parece que estamos ali na esquina, a apenas 80km de Roma!
Infelizmente o castelo, depois de um restauro que durou quase 20 anos, estava e não estava aberto ao público. O que fazer? Daquelas coisas de sorte de viajante experiente, conseguimos achar o guardião do castelo, que era muito, mas muito mais do que um simples guardião: Lorenzo, que nasceu na Sabina (como é chamada esta zona) escreveu uma guia sobre esta antiga região até o período romano, junto com arqueólogos da Universidade La Sapienza. Além de conhecer a zona como a palma da sua mão, tinha um olha híper-treinado sobre construções desde as antigas necrópoles sabinas até às construções medievais e sabia nos indicar e traduzir em palavras, com seu vocabulário técnico fantástico, tudo sobre o castelo, desde a pavimentação dos estábulos dos cavalos, passando pela artilharia, simbologia dos brasões e criação de pombos-correios, até às cortinas de tijolos da Baixa e da Alta Idade Média.
A excursão no interior do castelo medieval foi completa, isto é, quando experts fazem uma visita a um monumento que viveu várias fases de construção, é importante contextualizar historicamente o monumento nas suas diferentes fases, além de descorrer sobre o próprio restauro – isso é coisa pra gente maluca e apaixonada como eu! Puts, que dia maravilhoso!
Tive um dia tão intenso e tão lindo, que só podia acabar com um por do sol nas colinas da Sabina que pacientemente tentavam me explicar o por quê do rei Numa Pompilio ter levado o culto de Vesta em Roma.
Mas essa é outra história que vai ser contada quando vocês estiverem com a gente em Roma!
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Paixão Roma encontra Paixão Assis
Com Roberto viajando por Assis, não poderia deixar de comentar a “questão giottesca”, com o “maestro de Jacó” e a posição de Bruno Zanardi, o restaurador dos famosos afrescos de Assis após o terremoto.
post dedicado a Roberto Melo
“Master of the Isaac Stories – Scenes from the Old Testament – Isaac Blessing Jacob –Master of the Isaac Stories – Scenes from the Old Testament – Isaac Rejecting Esau – WGA14571.jpg – imagens de Domínio Público
Essa é uma história difícil de contar, pois há duas introduções, que se juntam numa trama, que acaba com um grande ponto de interrogação. A coisa boa é que este post acaba com mais uma grande lista de igrejas para ver em Roma!
Afresco da Sancta Sanctorum
A dúvida sobre quem era e quando nasceu Giotto e a segunda toca o que significava uma “obra” de pintura na Alta Idade Média. Vou começar pela primeira, para esquentar; mas lembre-se, é um início biforcudo, depois vamos ter que pegar a outra ponta para poder começar!
Jacopo Torriti, São João em Latrão
Giotto di Bondonenem sabemos exatamente como se chamava: “Giotto” poderia ser um apelido de Angiolo ou Ambrogio; também é incerto o ano em que ele teria nascido. As vozes mais fortes afirmam o ano de 1267 – a outra data, a de 1276, é eventualmente considerada por alguns como escolhida para exagerar e assim, exatar e mistificar, a idade do jovem gênio.
O pintor Giotto deu origem a inúmeros mitos, entre os quais o da sua descoberta por seu maestro, ninguém menos do que Cimabue, quando viu “ovelhas que ele tinha pintado numa pedra” (Vasari!). A outra lenda que se conta de Giotto, é que era capaz de fazer um círculo perfeito sem compasso, o famoso “O” do Giotto.
Santa Maria Maior, Coroação da Virgem
A obra de uma pintura ou escultura na Alta Idade Média era feita por uma oficina que tinha um chefe, o “protomestre” ou prothomagister, que muito provavelmente dirigia a obra como um maestro de orquestra. Quem materialmente realizava a obra eram os artesãos subordinados à ideação do chefe da obra – e aqui já esbarramos em uma questão delicada: o romanticismo da “mão do artista”. Se o grande maestro não toca pincel… fica difícil neste contexto falar em “pincelada” de artista, não?!
Para ser o chefe da obra, ou prothomagister, o sujeito tinha que ter, com certeza, uma experiência danada para cumprir com os contratos estipulados com quem pagava a obra; e a concorrência era ferrenha.
Por curiosidade, essa “hierarquia na obra”, por assim dizer, vinha láááá de trás, pois existe um decreto emitido por Diocleciano no ano de 301, no qual são mencionadas duas classes de trabalhadores nas obras de pintura, onde um era o ideador e o outro o executor.
Espetacular mosaico de Pietro Cavallini, São Paulo Fora dos Muros
Grandes históricos da arte afirmam que tudo o que existe na Basílica Superior de Assis foi pintado por Giotto. Uma corrente, na maior parte estrangeira (Richard Offner diz isso desde 1939!), coloca essa afirmação em dúvida e propõe a tese que um dos pintores de escola romana (Jacopo Torriti, Filippo Rusuti e Pietro Cavallini) os teria realizado – neste caso, mais precisamente, Pietro Cavallini.
Essa questão nasce sobretudo com a dúvida sobre a paternidade da representação da “História de Jacó” na Basílica Superior de Assis. Nesta cena, nunca ficou cem por cento acertada a autoria de Giotto, pela extrema maestria na realização dos volumes e representação do espaço arquitetônico, além da utilização de um vermelho muito quente, parecido com a tonalidade utilizada por Cavallini nos afrescos do antigo refeitório de Santa Cecilia em Trastevere.
Mosaico de Filippo Rusuti, Santa Maria Maior
Após o restauro (1974-1983) realizado por Bruno Zanardi em consequência do terremoto que a Basílica Superior sofreu, Zanardi defende a tese da autoria de Cavallini e sustenta a sua tese com dois argumentos fortes: os afrescos que ele restaurou na Sancta Sanctorum, reconstruída em 1279 após um terremoto, onde embaixo de pinturas do período da contrareforma, foram descobertos afrescos que combinavam os estilos pompeianos e temas cristãos em maneira maravilhosamente “naturalista”. Além disso, um importante achado durante este último restauro, que poderíamos dizer, seria “a cereja sobre o bolo”: Zanardi descobriu um “patrone”, isto é, uma folha de papel cerado sobre a qual tinham pequenos orifícios e que eram utilizadas como máscara para acelerar o processo da realização do desenho, e em seguida do afresco, que, como sabemos, tem que ter um tempo muito veloz de execução. Deste “detalhe” supõe-se uma circulação de máscaras para realização de afrescos entre os artesãos, que causaria a confusão na identificação de cada mão. Nicolau III, o papa que comissionou os afrescos da Sancta Sanctorum, era um protetor da Ordem dos Franciscanos e poderia muito bem ter levado Cavallini para Assis.
Neste momento, ainda não temos uma resposta definiva e a dúvida sobre a paternidade de várias representações da Basílica Superior de Assis permanece.
(Aí vem a lista!)
O bom é poder olhar os três maiores pintores (e mosaicistas) romanos do século XIII, Pietro Cavallini (Santa Cecilia, São Paulo Fora dos Muros, Santa Maria em Trastevere, São Crisógono, São Francisco em Ripa), Filippo Rusuti (Santa Maria Maior, Basílica Superior de Assis) e Jacopo Torriti (São João em Latrão, Santa Maria Maior, Basílica Superior de Assis) sob novos olhos, e não mais como seguidores ou “alunos” (Vasari, em relação a Cavallini) de Giotto!
Encerro assim o sexto ano deste meu blog sobre Roma, mostrando como Roma é o ponto de partida de um império e de um mundo inteiro e como tudo o que nasceu aqui é complexo e deve ser olhado com carinho e sobretudo com muita calma – como fazem alguns meus clientes caríssimos 😉
Feliz Ano Novo, Leitor!
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Orvieto – milagre eucarístico
Orvieto em um bate-e-volta, para quem já fez as excursões básicas aos arredores de Roma, gostaria de contar um pouco sobre este brinco de cidade, que fica no alto de uma montanha a 325m do nível do mar, tanto que se pensa que num passado remoto esta colina tenha sido uma ilha.
Quem chegar aqui de noite, vai ter a sensação de ver uma cidade pendurada no nada!
Duomo, foto de Claudio Caravano
Cidadezinha simpática, sempre foi uma das minhas paradas com os amigos quando retornávamos do fim de semana ao norte de Roma.
“Interno duomo Orvieto”. Con licenza CC BY-SA 3.0 tramite Wikimedia Commons
Nesta cidade cheia de história e arte para ver, o monumento mais importante é, sem dúvida, o Duomo, com seu impressionante pé direito e colunas com faixas pretas e brancas.
A própria razão pela qual ele foi construído é muito importante: conter um milagre eucarístico que aconteceu no ano de 1290 na cidade de Bolsena (ali pertinho). E para quem, como eu, é fan de Arnolfo de Cambio, aqui vai poder ver boa parte da sua maestria na própria fachada, que levou 300 anos para ser construída – isso mesmo, 300 anos. A Itália é o berço da arte mesmo, só aqui artistas conseguem trabalhar por três séculos num mesmo edifício com tamanha habilidade! Observe a maravilhosa rosácea com os mosaicos que contam as histórias do antigo e do novo testamento (os mosaicos foram muito restaurandos ao longo dos anos, mas para nós está de bom tamanho!). Se você estiver chegando da Toscana, vai notar na hora que a fachada do Duomo parece um trítico de altar!
Orvieto altstadt de Hans Peter Schaefer
O interior deste Duomo é um verdadeiro museu, com afrescos de Ugolino di Vieri (1338), Luca Signorelli (Capela Sistina), Beato Angelico, Lipo Memmi coro em madeira de Giovanni Ammannati (1331-40), e tantas outras obras importantes, que se preferir visitá-lo com uma guia que fale português, vai aproveitar bem mais.
Curioso o Poço de São Patrício, fantástica obra de engenharia genial do Juliano da Sangallo, da primeira metade do século XVI, mais precisamente do ano de 1527, ano que Roma foi vítima de uma grande invasão e depredação.
Para que a cidade tivesse sempre um fornecimento de água, o poço foi cavado na própria rocha vulcânica com uma dupla série de amplas escadas helicoidais: uma para descer e outra para subir.
Orvieto centro-histórico, de Hans Peter Schaefer
O Museu Arqueológico Nacional contém preciosidades dos arredores da cidade, com peças que vêm de necrópoles etruscas e itálicas: kantaros, stamnoi e afrescos que foram removidos da necrópole por razões de conservação.
A igreja do santo umbro São Francisco, consagrata na segunda metade do XIII século, ainda tem os antigos muros perimetrais, a rosácea e o amplo portão originais.
Orvieto, foto de Hans Peter Schaefer
Interessante a igreja de São Lourenço de’ Arari, edifício do século XII com afrescos dos dois séculos sucessivos. O altar é formado por uma antiga araetrusca e o cibório é do século XII.
A igreja de São Jovenal foi fundada no ano de 1004, com fachada românica e um campanário fortificado. O paliotto é da segunda metade do século XII. Aqui pertinho podemos caminhar sobre ruinhas medievais e ver a antiga igreja de Santo Agostinho, originalmente construída no século XIII e muito modificada nos séculos XVI e XVII.
Na Praça da República(Piazza della Repubblica), centro da vida social da cidade desde a Idade Média, temos o Palácio Comunal (Palazzo Comunale) di Ippolito Scalza, feito no século XVI. Curiosa a torre da igreja de Santo Andrea (século XII) com planta dodecagonal e bíforas, do século XII, e reformada durante os séculos XVI. Os afrescos são dos séculos XIV e XV.
Cidade esplêndida para visitar como excursão a partir de Roma ou simplesmente para na rota Toscana-Lácio. Se você está atrás de milagres eucarísticos prenda em consideração uma visita à essa cidade, muito mais accessível do que Lanciano, para não falar do patrimônio cultural!
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A apenas uma hora ao nordeste de Roma, envolvida por uma profunda atmosfera mística, encontramos a famosa Abadia de Farfa, um monastério de monges beneditinos fundado no longínquo século VI, por São Lourenço Siro (que hoje acredita-ser ser um bispo da Sabina e não um monge que veio do Oriente, fungido às perseguições).
“Ora et Labora”
lema beneditino
Penso que seja dispensável sublinhar a quantidade de estilos de períodos diferentes que fazem com que este monastérios seja uma verdadeira pérola dos arredores de Roma!
A abadia é o edifício mais antigo da zona da Sabina* dedicado à Virgem Maria.
Parte do enorme complexo da abadia, vista pelos fundos,
que é por onde se entra
Durante a Idade Média, moravam aqui quinhentos monges. Hoje são somente seis!
Interessante observar as duas fases de contrução do monastério, dividos por convenção em “Basílica Original” (século VI) e “Basílica Carolíngea”. (século IX).
A maravilhosa entrada da basílica de Farfa
A lenda diz que já no final do VI século, a abadia tinha sido atacada por longobardos, até que no ano de 680, a Virgem indicou um lugar a São Tomás de Moriana, onde ele deveria construir um santuário dedicado à ela, em troca de sua proteção. Depois de 25 anos São Tomás conseguiu a proteção do Duque de Espoleto para a reconstrução do novo monastério.
Abadia de Farfa – Detalhe do portão de entrada da basílica
Abadia de Farfa – Detalhe do afresco da luneta do portão de entrada
Depois da morte de São Tomás o grupo de monges de vida santa, capacidade administrativa e experiência política estava decididos a transformar este lugar num monastério digno do lema beneditino ora et labora.
O monastério ainda tem um enorme pomar com árvores de fruta e, como toda estrutura deste tipo, era no seu auge, completamente auto-suficiente!
O baldaquino da basílica de Farfa, com restos do pavimento pré-cosmatesco
e o teto decorado com grotescas da escola dos irmãos Zuccheri
Dos monges famosos que viveram aqui, destaca-se o francês Alano, que realizou uma coletânea de homilias utilizadas nas liturgias e o monge sabino Provato, que entre outras coisas realizou um aqueduto que fornece água ao monastério que ainda existe e funciona!
Foi aqui que o imperador Carlos Magno dormiu, quando estava indo à Roma para ser coroado pelo Papa Leão III!
Abadia de Farfa – Colunas que sustentam a divisão das naves
Entre as riquezas artísticas da abadia, a representação do Juízo Universal da contra-fachada, obra realizada em óleo por um artista flamingo, Henrik van der Broek, em 1561 em uma interpretação manierística do grande afresco da Capela Sistina de Michelangelo.
A abadia oferece visitas guiadas (em italiano), onde pode-se visitar a biblioteca, com livros raríssimos do século XI, parte dos subterrâneos sobre o qual foi construído o primeiro monastério e uma farmácia com produtos produzidos pelos monges.
Parada obrigatória para os devotos de São Bento!
* Sabina: zona da Itália central localizada entre o Lácio, Umbria e Abbruzzo.
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A Necrópole Etrusca de Cerveteri
Meus mais profundos agredecimentos ao prefeito Alessio Pascucci, ao Assessor Lorenzo Croci e à Agência de Comunicação Quinto Elemento, de Patrizia Notarnicola e Francesca Romana, que me convidaram para passar um dia inesquecível visitando a Necrópole Etrusca de Cerveteri e o Museu, com o fantástico, genial e perfeito guia Daniele.
Os etruscos: um povo que teve o seu apogeu durante o VI século a.C., quando Roma dava seus primeiros passos; um povo de comerciantes, navegadores e brilhantes artesãos, engenheiros e arquitetos que os historiadores pensaram que tivesse a sua origem na Ásia Menor, tão singular era a sua aparição na aurora da história da civilização da península itálica. Foram eles que deram o nome ao Mar “Tirreno”, que na língua etrusca quer dizer “etrusco”.
Paisagem mediterrânea de sonho, na área arqueológica da Necrópole Etrusca de Cerveteri
Dito em modo muito concreto, enquanto os romanos não sabiam o que tinha a 25 km da cidade que haviam acabado de fundar, os etruscos comerciavam no Vale do Reno, importavam cerâmicas da Grécia e mantinham importantes contatos comerciais com Cartago – este povo representava uma potência do primeiro milênio antes de Cristo no Mediterrâneo.
Necrópole Etrusca de Cerveteri
Esta civilização ocupava o que é hoje o centro da Itália, Toscana, Umbria e norte do Lácio, com colônias na Emilia-Romagna.
Tumba etrusca, Necrópole Etrusca de Cerveteri
“Stenografando” as interessantíssimas informações que o nosso guia nos passou
Explorando o fantástico interior das tumbas!
A cidade etrusca era planificada de cabo a rabo; nada era deixado ao acaso. Todas possuiam bastiões para se defender, ruas pavimentadas e sobretudo rede de esgoto! Aliás, foram os etruscos que “ensinaram” os romanos a realizar todo o tipo de obra de engenharia e arquitetura quando ocuparam o trono da recém-nascida Roma, com o rei Tarquinio Prisco (reinado: 616a.C. – 579 a.C.).
Paisagem linda e misteriosa, esta necrópole!
A famosa “toga” (vestido dos senadores e homens importantes) dos romanos era, originalmente, etrusca – até o nome “ROMA” pode ter a sua origem na palavra etrusca rumen, que significa “rio”.
“Dromus”, o corredor da entrada da tumba etrusca, com cipreste decorativo ao lado
Uma outra importante característica dos etruscos era a posição da mulher na sociedade: a mulher etrusca tinha um status parecido com o da mulher espartana, isto é, eram mais livres, estudavam, e participavam ativamente na sociedade.
Na cidade de Cerveteri, pode-se visitar a Necrópole Etrusca – Necropole della Banditaccia – para entrar em contato com esta maravilhosa cultura, que foi inicialmente dominada com a famosa tomada de Veio pelos romanos de Furio Camillo, em 396 a.C..
Eu, com meu grupo durante o Press Tour pela necrópole, super bem organizado pelo Quinto Elemento, que faz a comunicação da cidade de Cerveteri.
A necrópole de Cerveteri fica apenas a 45 minutos de Roma e hoje em dia é um lugar maravilhoso para se aprender sobre a cultura etrusca. No centro da cidadezinha tem o Museu Etrusco, que aconselhamos visitar depois da excursão à necrópole.
A discretíssima entrada de uma das tumbas mais bonitas da necrópole, a Tumba dos Relevos (impossível de fotografar seu interior, pois tem um vidro para proteger a sua conservação), aqui uma foto, só para não dizer que não tentei!!!
Tumba dos Relevos, Necrópole Etrusca de Cerveteri
A jovem, moderna e inteligente junta do atual prefeito Alessio Pascucci e de seu braço direito, o acessor Lorenzo Croci, está introduzindo novidades importantes durante o ano de 2014, que comemora o retorno de um importantíssimo vaso etrusco que foi roubado e vendido a um museu no exterior, mas graças a um pequeno fragmento que atesta inequivocavelmente a sua origem na cidade de Cerveteri, está “voltando” pra casa – estamos falando da famosa Cratera de Eufronio – e o 10º aniversário da Necrópole de Cerveteri na lista de patrimônios UNESCO.
A grande novidade: projeções que nos ajudam a imaginar como era a decoração da tumba (os objetos hoje se encontram no Museu Etrusco de Cerveteri, por óbvias questões de conservação)
Mini-espetáculo interativo: projeção nas paredes do interior da tumba para ajudar a imaginação retornar a mais de 2.500 anos atrás!
Museu Etrusco de Cerveteri, visita obrigatória para quem passa pela região!
Museu Etrusco de Cerveteri
Museu Etrusco de Cerveteri
Muito mais do que valer a pena visitar a necrópole de Cerveteri, é um verdadeiro must realizar esta excursão, além de experimentar as maravilhas da enogastronomia típicas desta zona, como os vinhos da Vinícola Onorati (Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah, Chardonnay, Vermentino, Duca di Ceri Riserva, Duca di Ceri Rosso, Duca di Ceri Bianco, Muggiasco Novello, além do azeite da zona, “Olio Extravergine d’Oliva”) – veja endereço da vinícola no final deste post.
Os maravilhosos vinhos da região!
Lugar de grande inspiração para quem gosta de desenhar!
“Stenografando”, desenhando e fotografando – Cerveteri é uma paixão!!!
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Amei o nosso guia, Daniele, Doutor em Arqueologia, além de ter nascido nesta zona!
Endereços e links relativos aos post sobre a Necrópole de Cerveteri:
Necrópole da Banditaccia
Endereço: Piazza Mario Moretti, 00052 Cerveteri – Cap. 00053 Roma
Infos: (+39) 06.99552637
Horário de abertura: 8,30-18,30 (de 3a a Domingo).
Fechado: Segundas-feiras, 1º Janeiro e 25 Dezembro.
Preços dos ingressos: inteiro € 6,00, meio € 3,00; combinado inteiro (necropoli E museo) € 8,00, combinado meio (necropoli E museo) € 4,00.
Serviços locais: livraria, cafeteria, lojinha; parcial acesso aos cadeirantes
Vinícola de Cerveteri (Roma):
Azienda Vitivinicola Onorati
Via Pianceresi, 6 – Ceri (Cerveteri) – Roma – Tel.: 0039 06 99 20 7012
http://www.vinionorati.it/it/home.aspx – info[at]vinionorati.it
Uma outra sugestão vai para os tantos viajantes que têm feito o percurso do Lácio à Toscana, ou vice-versa, é de parar para dormir no maravilhoso agriturismo:
Casale Sasso – bed&breakfast – do Senhor Ubaldo Sforzini
Loc. Due Casette – Via Monte Li Pozzi, 17 – Tel. (cel.): 0039 348 284 98 09
http://www.casalesasso.com/language/en/
Prefeito e Acessor no meio; blogueiros, jornalistas e documentaristas convidados ao Press Tour de Cerveteri, organizado pelo Quinto Elemento
Para quem não conseguir ir à Cerveteri, aqui o endereço do Museu Etrusco de Villa Giulia, com uma escelente coleção:
Museu Etrusco de Villa Giulia
Piazzale di Villa Giulia, 9
00196 Roma, Italia
tel. (+39) 06 3226571 e fax (+39) 06 3202010
E-mail: sba-em@beniculturali.it
Preço do ingresso: intero € 8,00, reduzido € 4,00
Neste museu encontra-se uma versão do famoso Fígado de Piacenza, fotografado aqui embaixo:
Fígado de Piacenza, 126 x 76 x 60 mm, Museu Etrusco de Villa Giulia
De brasileiros para brasileiros na Itália: reserve aqui a sua guia de turismo que fala português.
Sobre mim
Olá, eu sou a Patricia e me apaixonei por Roma em 1994, quando ainda era uma estudante de Artes Plásticas em Hamburgo. Desde então fiz várias viagens para estudar a Cidade Eterna e em 1998 me mudei para cá. No Turismo estou desde 2007, quando comecei a trabalhar com alemães. Sou guia credenciada em Florença e Roma e este blog é um elogio muito pessoal sobre a minha paixão pela cultura Clássica. Na minha equipe trabalham as melhores guias que falam português nas principais capitais italianas, escolhidas a dedo por mim ao longo dos anos.
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setembro 13, 2011
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