Lucus Feroniae foi um antigo santuário sabino ao norte do Lácio, aos pés do MonteSoratte, já ativo no VIII século a.C. (40 minutos de Roma) e dedicado à deusa Feronia, equivalente à Perséfone (ou Proserpina), cuja festa era celabrada dia 13 de Novembro. Strabone nos conta sobre a celebração de um ritual onde “pessoas possuídas pelo demônio” caminhavam sobre brasas e cinzas com pés descalços, sem que se ferissem.
O cardeal de origem nobre e humanista, arcebispo de Milão a apenas 10 anos(!), por uma brincadeira do destino nunca seria escolhido Papa em um conclave… mas Ippolito II D’Este (1509-1572) estava designado a entrar para a galeria dos imortais pois graças à sua origem e bom gosto, não poderia ter escolhido melhor lugar e arquiteto para a sua Villa D’Este em Tivoli!
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O Monastério de Santa Escolástica – bate e volta a partir de Roma
O grandioso Monastério de Santa Escolástica do “Vale Santo” (como é apelidada a zona de Subiaco) apresenta-se a nós com uma fachada pouco charmosa, reconstruída após os bombardamentos da II Guerra Mundial. A santa, “irmã gêmea” de São Bento de Norcia, nunca esteve aqui, mas teve a dedicação do monastério pela afinidade com São Bento.
O Monastério de Santa Escolástica bate e volta a partir de Roma
Aqui estiveram os famosos alunos de Guttemberg, Arnold Pannartz e Konrad Sweynheim, que ajudaram a imprimir o primeiro livro na Itália no ano de 1465, “De Oratore”, de Cícero; este evento extraordinário aconteceu aqui neste monastério, dando início à atividade tipográfica na Itália, e à construção da primeira tipografia fora do solo alemão!
A tradição faz com que neste monastério estejam reunidos 80 mil volumes, 280 manuscritos e 213 incunábulos (obras imprimidas antes da técnica introduzida por Guttemberg).
Monastério de Santa Escolástica
No primeiro pátio, chamado “Renascimental”, vemos a grande escultura da Santa Escolástica com a pomba, símbolo desta santa, e animal através do qual São Bento intuiu sobre a sua morte. A estrutura foi realizada entre os séculos XVI e XVII e a arquitetura é “afrescada” nas paredes.
O segundo pátio, chamado “Gótico”, foi construido entre os séculos XIV e XV e possui um poço realizado com restos da antiga mansão de Nero, sobre a qual muito provavelmente o inteiro monastério foi construido. Aqui já entramos uma atmosfera quase onírica e podemos apreciar o pátio com arcos românicos e o maravilhoso arco ogival “flamboyant” com influência catalã.
Através deste pátio vemos alguns afrescos no interior da entrada do bloco do lado oposto do arco “flamboyant” com histórias da vida de São Bento, inclusive as famosas cenas do sinal da cruz em frente ao cálice envenenado e a punição do monge “preguiçoso”, com as suas mãos que, contemporaneamente chicoteam e acareciam a sua cabeça.
O terceiro pátio é retangular e possui afrescos de cidadezinhas medievais sob domínio deste monastério (Cervara, Ponza) e outros de altíssima qualidade que representam os quatro evangelistas.
Quanto à arquitetura, encontramos uma raridade: colunas cosmatescas do XIII século sem a aplicação de pastilhas coloridas de pasta de vidro! Mas depois a gente fala por que desta escolha nesta obra singular dos cosmatas!
Se você se interessa por São Bento ou por monastérios beneditinos, aqui perto fica o “Santo Speco“, o lugar onde São Bento meditou por três anos e onde foi construído um segundo monastério. Não perca o post Orar e trabalhar: a revolução de São Bento
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São Bento no Lácio, uma paixão!
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Visitar o Mosteiro de São Bento
Visitar o Mosteiro Sâo Bento, que fica nos arredores de Roma é uma experiência incrível para quem deseja se aproximar da espiritualidade cristã. O passeio dura aproximadamente 4h. Aconselho combinar com outros mosteiros da região e fazer um dia inteiro de passeio nos arredores, aproveitando para saborear a gastronomia do campo dos arredores de Roma.
Da família nobre Anicia, nasceu São Bento em Norcia, no ano de 480 e veio à Roma estudar. Segundo a tradição, Bento aos 17 anos achou Roma uma cidade muito estressante e foi meditar no Monte Subiaco, a 75km de Roma, por três anos.
Feliz Aniversário pra melhor avó do mundo!
Visitar Mosteiro de São Bento
O Monastério de Subiaco fica a aproximadamente uma hora e um pouquinho de Roma, a mais de 600m sobre o nível do mar. O ar aqui é puro e seu perfume, sempre mediterrâneo.

Visitar o Mosteiro de São Bento
A primeira residência do santo foi uma ex-casa do imperador Nero por isso aqui paramos para ver um pouco das ruínas que certamente faziam parte do antigo complexo, mas o que nos interessa ainda está um pouco mais adiante.
Contemplar e trabalhar – a revolução de São Bento
Nesta região, São Bento fundou doze núcleos monásticos, dos quais somente um sobreviveu ao tempo. Falaremos desta construção num próximo post.

Visitar o Mosteiro de São Bento: Ruínas de uma mansão de Nero, no caminho
O primeiro núcleo arquitetônico do “Sacro Speco” foi construido por Gregório Magno e dedicado a São Clemente. O que vemos hoje, esta maravilha arquitetônica encaixada na rocha que nos dá a sensação de estar suspensa no ar, é uma estrutura medieval do século XI: orgânica e espalhada sobre diferentes andares com escadas que os ligam e afrescos por todos os lados, este monastério atrai pessoas com interesse pela religião cristã ou simplesmente apaixonados por afrescos pré-renascimentais e lugares com atmosfera extremamente sugestiva nos arredores de Roma.
Fundamental a compreensão da vida monástica e a relação das tantas ordens que surgiram durante a Idade Média e o papado – veja bolla de 1202 – para entender a importância da regra beneditina!
A igreja superior tem suas origens no século XIV e é dividida em duas partes: a primeira, com afrescos da escola de Siena, do século XIV, cujos afrescos contam a última parte da vida de Cristo; a segunda, realizada por artistas da Umbria e das Marcas, do XV século, nos conta sobre a vida de São Bento.
O maravilhoso pavimento cosmatesco completa a beleza das paredes e do teto. O visitante sente-se facilmente transportado no tempo envolvido por tanta beleza.
Temos acesso à igreja inferior através de uma escada central, na frente da cátedra, onde vemos afrescos da escola romana do início do século XIII.
A “gruta sagrada” contém uma escultura no lugar onde acredita-se que São Bento meditava, realizada por um “nosso conhecido”, o incrível Antonio Raggi – de clara inspiração berniniana!

Ambientes do interior do complexo do mosteiro de São Bento nos arredores de Roma
Entre tantos afrescos, tem um muito especial na Capela de São Gregório, pois representa São Francisco, provavelmente ainda vivo; acredita-se que tenha sido realizado em 1223, um ano antes do santo receber as estigmas.
Dos complexos originalmente fundados pelo santo, ainda está de pé e restauradíssimo, o Monastério de Santa Escolástica, aqui pertinho.
Eis aí mais um exemplo de um lugar perto de Roma para visitar onde, se você é cristão, vir aqui é uma experiência mística da sua religião; se você não é cristão, permanece o cunho espiritual desta excursão num lugar que emana paz, cultura e história… e tanta natureza!
Endereço:
Piazzale di Santa Scolastica, 1
Site oficial:
http://www.benedettini-subiaco.it/
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Monte Soratte – bate-e-volta de Roma
Visitar o Monte Soratte é uma ótima ideia para quem vem à Roma procurando turismo religioso, trekking ou afrescos da Idade Média. É um lugar apaixonante e com ótima comida, a menos de uma hora de Roma.
No meio de uma planície encontra-se esta montanha de 693m de altura, um lugar que sempre foi considerado especial pelas culturas que viveram aqui perto, tanto que o primeiro templo no alto da montanha foi construído no II séc. a.C..
Durante a “Festa da Montanha”, cidadãos do “Grupo Histórico” da cidade fazem comidas típicas e servem em roupas medievais.
Essa mítica montanha tem também a ver com os afrescos da Capela de São Silvestro pois segundo uma tradiçao ligada à conversão do imperador Constantino ao cristianismo, o imperador sofria de lepra e seus médicos não sabiam mais o que fazer e sugeriam loucuras, como tomar banho no sangue de 40 crianças, coisa que o imperador não fez. E aí apareceram Pedro e Paulo num sonho num sonho do imperador, que diziam a ele de ir buscar Papa Silvestro que estava exiliado no Monte Soratte para curá-lo.
Constantino manda seus soldados buscarem o Papa, que volta e apresenta imagens dos santos aparecidos no sonho do imperador. Em seguida, o Papa é batizado por Silvestre e sua lepra é curada – contra toda a aprovação da corte imperial!
Daí à conversão do imperador e ao famoso “Edito de Constantino”, que liberava o culto aos cristãos foi tudo muito rápido.
No alto do Monte Soratte, com uma vista de tirar o fôlego a 360°C, encontra-se o que hoje é chamado o êremo onde o santo viveu durante o exílio e onde foi construida uma igreja dedicada a São Silvestre, que contém afrescos realizados entre os séculos XIII e XVIII.
Interessante o ciclo com estórias de Santa Bárbara, imagens de São Francisco e algumas imagens da Virgem com o menino Jesus.
Não é novidade que a gastronomia faz parte da cultura aqui na Itália. Comemos muito bem: sopa de legumes (a melhor que comi na minha vida) e gnocchi al ragù
Na cripta, maravilhoso capitéis românicos e imagens de São Silvestre e do Arcânjo Miguel.
Ciclo de Santa Barbara, Igreja de São Silvestre
Passei dois dias maravilhosos na casa de uma amiga que é de Sant’Oreste, a cidadezinha mais próxima, construída no Monte Soratte. Mas como fica muito perto de Roma, é possível realizar um bate-e-volta, com parada no caminho em tratoria típica.
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Arredores de Roma: Città Ducale
E o que faz uma pessoa que trabalha com o turismo quando tem um fim de semana livre, excepcionalmente? Naturalmente, turismo! A caríssima amiga Elizabeth Frolet me convidou para ir à sua casa na Città Ducale e fazer um passeio pelas “Quatro Águas”, ali nos arredores.
Não escolhemos dia nem hora, é quando temos um bater de asas de borboleta para dar uma volta antes de voltar à grande responsabilidade que é planejar e cuidar das tuas férias, para que tudo seja como num sonho, que escapamos.
Esta zona é cheia de fontes de água, águas para beber, águas para curar, águas para nadar, e naturalmente com muito prazer seguimos o roteiro da nossa amiga, que guiava com grande intimidade nas estradinhas cheias de curvas e bifurcações, pois ela estava “em casa”.
Città Ducale, cidadezinha medieval lindinha e pequenininha foi um ótimo começo. A fachada românica da igreja me deu mais esperanças do que fatos concretos sobre o seu interior,mas as ruazinhas até à antiga torre foram uma verdadeira viagem no tempo. No século XX iniciaram as “descobertas” dos materiais medievais e antigos nas construções, atrás do reboque, e muitas cidadezinhas têm, então, colunas medievais, peças de sarcófagos pagãos nas suas “paredes”. E assim é uma das ruas principais de Città Ducale. Adorei!
Depois de um bom café na praça e de uma conversa de bar, saímos para o passeio. A primeira parada foi muito emocionante, pois o lugar, uma igreja abandonada e implodida pela força de correntes subterrâneas tem uma atmosfera estranhíssima, de beleza romântica-goethiana e foi cenário de filme de Tarkovskij (“Nostalgia”); ali perto, bebi água da fonte, mas a fonte era frizzante, isto é, com gás, coisa mais rara!
E assim foram-se duas águas. A terceira era sulfúrica, com uma cor surreal, água mágica que cura. Infelizmente não podemos nadar, pois a quantidade de enxofre é tão alta que pode ser letal. Existem estruturas onde entrar na água é permitido, aliás, é o grande barato. Depois destas emoções caiu bem o almoço a base de pasta e vinho, num lugar que a Elizabeth frequenta há muito tempo. O vinho ignorante servido na jarra nos ajudou mais ainda a nos esquentar e curtir este dia que estava ainda começando!
Na quarta água estávamos num grande lago, que Elizabeth disse ter 90m de profundidade e onde ela nada no verão. A cor do lago era linda, apesar do chuvisco que começava a cair e movimentar a superfície-espelho do lago.
Desde à ida à Città Ducale, Elizabeth falava neste castelo “tipo do Marques de Sade”, que eventualmente passaríamos no nosso retorno. Depois de muitas curvas e muitos bosques de castanhas, eis que numa descida, também em curva, vemos aparecer a ponta das torres, as pedras características de uma massiça construção medieval. In-crí-vel. Aqui no Lácio não é comum este tipo de construção, e de fato, não estávamos no Lácio, mas em Rieti – mas é tão pertinho de casa, que parece que estamos ali na esquina, a apenas 80km de Roma!
Infelizmente o castelo, depois de um restauro que durou quase 20 anos, estava e não estava aberto ao público. O que fazer? Daquelas coisas de sorte de viajante experiente, conseguimos achar o guardião do castelo, que era muito, mas muito mais do que um simples guardião: Lorenzo, que nasceu na Sabina (como é chamada esta zona) escreveu uma guia sobre esta antiga região até o período romano, junto com arqueólogos da Universidade La Sapienza. Além de conhecer a zona como a palma da sua mão, tinha um olha híper-treinado sobre construções desde as antigas necrópoles sabinas até às construções medievais e sabia nos indicar e traduzir em palavras, com seu vocabulário técnico fantástico, tudo sobre o castelo, desde a pavimentação dos estábulos dos cavalos, passando pela artilharia, simbologia dos brasões e criação de pombos-correios, até às cortinas de tijolos da Baixa e da Alta Idade Média.
A excursão no interior do castelo medieval foi completa, isto é, quando experts fazem uma visita a um monumento que viveu várias fases de construção, é importante contextualizar historicamente o monumento nas suas diferentes fases, além de descorrer sobre o próprio restauro – isso é coisa pra gente maluca e apaixonada como eu! Puts, que dia maravilhoso!
Tive um dia tão intenso e tão lindo, que só podia acabar com um por do sol nas colinas da Sabina que pacientemente tentavam me explicar o por quê do rei Numa Pompilio ter levado o culto de Vesta em Roma.
Mas essa é outra história que vai ser contada quando vocês estiverem com a gente em Roma!
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setembro 13, 2011
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