A importância de ver e caminhar sobre uma rua tão icônica quanto a Via Appia Antiga e tão importante para a Roma Republicana e sucessivamente para o Império Romano talvez não tenha sido devidademente sublinhada no post anterior, onde falo muito da beleza comovente desta antiga estrada de Roma, que hoje faz parte de um parque regional de 3400 hectares, instituido no ano de 1998.
Imaginem que no passado a maior parte dos transportes era feita no “lago” Mediterrâneo (o Mar Mediterrâneo era navegado como se estivessem em um lago, era a dimensão básica para o comércio na antiguidade) ou através dos rios.
A construção da Via Appia, apelidade de Regina Viarum – Rainha das Estradas na antiguidade, pela beleza dos monumentos que foram construidas às suas margens – iniciou-se no ano de 312 a.C. por ordem do censor Appio Claudio. Muito provavelmente ela foi traçada num percurso ainda mais antigo que ligava Roma à Colli Albani, que hoje chamamos “região dos Lagos” ou “Castelli“, ao sudoeste de Roma.
Esta estrada era larga o suficiente para que dois carros passassem nos dois sentidos sem problemas! Interessante e extremamente precisa e eficaz a sua construção, que previa o escorrimento da água para as bordas do basalto, que era perfeitamente cortado e montado e repousava sobre uma sólida estrutura de 1,5m de altura, constituida por pedras grandes, areia e cascalho e uma espécie de cimento.
Sucessivamente a estrada chegou em Capua, Benevento, Venosa, Taranto e finalmente Brindisi, onde tinha o principal porto que ligava Roma com ao Oriente.
A cada 8-9 milhas (1 milho romano = 1 482,5m) existia uma estação para trocar os cavalos para seguir viagem. O percurso que era percorrido em um dia era de 20-30 milhas.
Dado que nas leis antigas enterrar os mortos dentro do perímetro sagrado (“pomério”) era proibido, a construção de sepulturas nas estradas que levavam às províncias (“vie consolari”) era muito comum.
Entre os II e IV séculos o início da Via Appia Antiga foi o lugar fundamental para a vida dos primeiros cristãos de Roma, pois lá existia um terreno onde estes eram enterrados numa zona destinada exclusivamente à pessoas que compartilhavam a mesma fé: isto é, as catacumbas ou cemitérios, palavra cuja etimologia nos faz retornar ao grego κοιμητήριον (koimētḕrion), “lugar de repouso”. Para os cristãos a morte já era um sono após o qual acordariam para a vida eterna.
Visitar a Via Appia Antiga hoje é uma enorme emoção para quem entendeu o seu significado; tão forte, ou até mais intenso do que o próprio Coliseu!
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