Nesta zona interessantíssima da cidade de Roma, ligada à sua fundação, que é o Foro Boário, além dos templos de Hércules Olivário, Portunus e a maravilhosa Santa Maria in Cosmedin, existe escondidinho embaixo de um antigo edifício industrial de uma ex-doceria/padaria, um Mitreu denominado o “Mitreu do Circo Máximo”.
Desta antiquíssima religião sabemos muito pouco, pois era uma religião iniciática, isto é, uma religião que não se baseava sobre escritos de nenhum tipo, fato que há contribuido para que ela permanecesse um mistério para nós, já que não soubemos da boca de ninguém sobre a sua crença e sobre os seus rituais. A nós chegaram informações através de Tertulliano e outrs escritores cristãos que escreveram com intenção de denegrir a imagem desta religião e dos seus adeptos. O pouco que se sabe hoje é o resultado de pesquisas sérias iniciadas não antes de um grande convenho realizado nos anos ’80 para distmistificar uma série de informações errôneas divulgadas no passado pelo belga Franz Cumont.
O que sabemos sobre a religião mitraica
Sabe-se com certeza que esta era uma religião monoteísta, praticada exclusivamente por homens; que era uma religião iniciática, e compendiária (isto é, que quem a praticava podia praticar outras religiões, como o culto dos deuses pagãos).
Fato é que hoje os estudiosos calculam que na capital do antigo império romano, isto é, Roma, existessem entre mil e mil e quinhentos mitreus (em ÓstiaAntiga sabe-se da existência de dezoito). O mitraísmo persa teria chegado à Roma após a conquista da Grécia e da Ásia Menor, e atingiu o máximo da sua popularidade entre os séculos III e IV d.C., sendo proibida a sua prática após o Decreto (Edito) de Teodósio de 391, que oficializava o cristianismo como religião de estado. Após esta data, seguramente o culto amado pela alta classe do exército e dos administradores de Roma teria continuado a ser praticada, mas clandestinamente. Em parte muitos mitreus e suas estátuas de culto e decorações foram destruídos para dar lugar à nova religião cristã.
Uma vez que você se apaixona pela história de Roma, faz parte transformar-se num “viciado em mitreus” como eu e querer visitar todos os mitreus abertos à visitação para poder observar as diferenças na decoração, os pavimentos com os mosaicos dos sete graus de iniciação da religião, as estátuas de culto (na maior parte em museus) e assim por diante. Eram anos que esperava para descer no mitreu do Circo Máximo, e isso finalmente aconteceu na semana passada!
A 14m abaixo do nível do solo que pisamos hoje existe este mitreu, que muito provavelmente era ligado aos trabalhadores do próprio circo, dado que a religião era “vicinal”, isto é, os lugares de culto eram frequentados por pessoas que moravam ou trabalhavam nas proximidades do mesmo. A descoberta deste lugar deu-se nos anos ’30, quando restruturavam o palácio para conter os costumes do Teatro da Opera de Roma.
Este mitreu é muito menor do que imaginava, pois o confundi com o das Termas de Caracalla, que dizem ter sido o maior mitreu do inteiro império. Em todo o caso é sempre interessante passear nos subterrâneos da cidade, pois é um modo de aprofundar o conhecimento da cidade e das várias fases do seu desenvolvimento.
Onde fica o Mitreu do Circo Máximo
A entrada ao mitreu era na rua perpendicular aos “carceres” isto é, de onde partiam os cavalos para as corridas na parte retilínea do Circo Máximo e já no passado era abaixo do nível da rua. Logo à direita existia um pequeno ambiente onde acredita-se que fossem guardados objetos e roupas ligadas ao culto, os “apparitoria”; além disso, antes de poder entrar no templo, as pessoas (só homens, como disse anteriormente!) passavam por um período de catequização e não podiam partecipar à cerimônia, permanecendo numa área denominada hoje de “schola mitraica”. Nos nichos da entrada acredita-se que fossem expostas duas esculturas de Cautes e Cautópates, os deuses ligados ao nascer e ao por-do-sol. Em direção ao altar, existiam os longos bancos onde eram dispostos os adeptos para consumar uma “refeição ritual” composta por pão e água.
No fundo existia a estátua ou relevo de maiores dimensões com o deus Mitra, sempre representado durante o momento no qual mata o touro ou “tauroctonia” e dá origem à vida na Terra.
Este mitreu pode ser aberto sob solicitação de associações culturais para no máximo 25 pessoas e se você e seu grupo de amigos já forem “viciado em Mitreus”, podemos abri-lo exclusivamente para você!
Para compreender Roma são necesessários anos de estudo de arte, arquitetura e arqueologia e outros tantos anos para aprofundar este conhecimento e escrever artigos como este. Escolha uma guia profissional pois ela fará uma grande diferença na sua estadia.
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