Palácio Pamphilj, Praça Navona

Palácio Pamphilj, sua história e obras de arte é o que vamos ver aqui hoje. Para tanto, mencionaremos artistas do calibre de Girolamo Rainaldi (um dos melhores arquitetos do século XVII),  Borromini, Bernini e Pietro da Cortona. Não é por acaso que a Praça Navona é uma das praças mais lindas do mundo.

palacio pamphilj guia brasileira - Palácio Pamphilj, aka Embaixada Brasileira em Roma

Palácio Pamphilj, Praça Navona

Um pouco de história do Palácio Pamphilj

Antes da construção do Palácio

Antes que a família Pamphilj construísse o seu palácio, você tem que imaginar uma série de predinhos antigos (antigos já no século XV, você pode imaginar….), casinhas medievais que tinham crescido em maneira desorganizada e orgânica, em cima das antigas arquibancadas do Estádio de Domiciano.

Construção, ápice, abando e venda

Quando Papa Inocêncio X Pamphilj resolveu completar a suntuosa obra, exigiu do arquiteto que ficasse pronta para o ano jubilar de 1650. Em pleno espírito Barroco, o objetivo do Papa era causar estupor nas pessoas que, chegando das ruazinha medievais que levavam à praça, encontrassem um esplendor de palácio – ao qual sucessivamente foram integradas a Igreja de Santa Inês e a maravilhosa Fonte dos Quatro Rios.

palacio pamphilj cortona - Palácio Pamphilj, aka Embaixada Brasileira em Roma

Pietro da Cortona, Estórias de Enéas, Palácio Pamphilj

A partir da metade do século XVIII os herdeiros da família Pamphilj preferiram ir morar no outro palácio de família, na Via del Corso. A partir deste momento, o luxuoso palácio será alugado a cardeais e artistas. No século XIX, o arquiteto Andrea Busiri Vici foi chamado para restruturar a garnde sala do piano nobile, isto é, do andar onde a família efetivamente morava, denominada “Pier Luigi da Palestrina”.

Em torno a 1920, uma parte do palácio foi alugada ao governo brasileiro para que hospedasse a Embaixada. Em 1960, a Embaixada se deparou com a possibilidade de aquistar o inteiro palácio.

Hera pede Eolo vento Cortona Pamphilj - Palácio Pamphilj, aka Embaixada Brasileira em Roma

Hera pede vento a Éolo, Pietro da Cortona, Palácio Pamphilj

Estourou uma grande polêmica na mídia a respeito de um governo estrangeiro poder possuir um bem cultural de tamanha importância. Mas fato é que o embaixador comprou o palácio por L 900.000.000. E ainda gastou L 350.000.000 para restaurá-lo. Pelo menos fazendo juz ao importante edifício romano…

Os afrescos do piano nobile de Cortona

Os ambientes do Palácio Pamphilj

Passear no interior desta embaixada tão especial é muito emocionante, mas o ápice da visita é o salão com os afrescos de Pietro da Cortona, com o tema “Estórias de Enéas”. O grande salão, com ~33x7m. A única fonte de luz deste salão são as duas janelas nos lados curtos do grande retângulo. A vista da janela que dá para a Praça Navona é de tirar o fôlego.

praca navona pamphilj - Palácio Pamphilj, aka Embaixada Brasileira em Roma

Vista da Praça Navona do piano nobile de Palácio Pamphilj

Nós, pobres mortais, conseguimos imaginar o que significa pertencer à uma família nobre e estar num ambiente tão rico, com uma vista pra lá de privilegiada sobre a praça. Sobre a janela lemos o lema “SUB ALARUM TUARUM”, que completo significaria “proteja-nos à sombra das suas asas”. O desenho do ambiente e das suas decorações em gesso são das mãos do grande Borromini.

Os afrescos de Cortona

Vale à pena lembrar para quem faz a rota Florença-Roma, aqui também temos um artista  que realizou grandes obras em ambas as cidades. Pietro da Cortona afrescou o apartamento de Ferdinando II no Palácio Pitti entre 1639-1647.

palacio pamphilj eolo eneas - Palácio Pamphilj, aka Embaixada Brasileira em Roma

Enéas navega sobre mar agitado, Pietro da Cortona, Palácio Pamphilj

Já no período em que ficou pronto, os afrescos do salão eram elogiados por ter alcançado o seu objetivo de “causar maravilha” no espectador, palavras do poeta Giovan Battista Marino. Pietro da Cortona resolveu com grande elegância e força expressiva as dificuldades impostas pelo ambiente estreito e longo, criando diversas cenas organizadas em compartimentos que, estão separadas mas dialogam entre si.

O tema ligado a Enéas

O fato do brasão da família Pamphilj ser uma pomba branca com um ramo de oliveira no bico foi o elemento que a ligou a Enéas, por sua vez filho de Vênus, cujo símbolo é uma pomba branca.

A estória de Enéas começa no lado da praça Navona, com Hera que tenta impedir que Enéas chegue na costa da Itália, pedindo a Éolo (divindade dos Ventos) de assoprar o seu barco para longe daqui. A estória continua no lado direito, com Netuno que ameaça Éolo, furibundo, que não gosta nada de ver seu mar assim tão agitado! Netuno consegue redimensionar Éolo, o vento baixa e o mar torna a ser calmo. Vemos Netuno sentado num carro puxado por cavalos marinhos, rodeado por anjos, ninfas e tritões.

Perto da grande janela vemos Enéas em um bosque, procurando um ramo de oliveira de ouro. Este ramo permitiria Enéas a entrar e sair do Hades. Pombas brancas aparecem para ajudar Enéas na sua procura. Na cena seguinte, Enéas está acompanhando da pitonisa Cumana, que ao encontrar o Cérbero (cachorro de três cabeças que protege a entrada do Hades), lhe dá um pão com mel para comer, de modo que ele não dê o seu tríplice latido. A estória segue até o assassinato de Turno.

O afresco fez com que Pietro da Cortona fosse reconhecido como um dos maiores pintores do século XVII e é essa é só mais uma razão para que você agende a sua visita para ver o interior do Palácio Pamphilj, aka Embaixada Brasileira de Roma.

As visitas são possíveis nas quintas-feiras e é imprescindível reservar com grande antecedência aqui: http://roma.itamaraty.gov.br/it/prenotazione_visita_guidata.xml

Endereço: Piazza Navona, 14, 00186 Roma

Telefone: 06 683981

Share: