
A igreja dedicada ao jesuíta Santo Inácio localiza-se no bairro “Pigna“, isto é, no centro histórico de Roma, e foi construída por ordem do papa Gregório XV Ludovisi, que aqui foi sepultado. É a segunda igreja construída para a ordem dos jesuítas e um dos melhores exemplos de arquitetura barroca em Roma.
A igreja de Santo Inácio substituiu a Santíssima Anunciada, construída quase 100 anos antes, mas as suas modestas dimensões já não davam mais conta do público que a frequentava, os estudantes do colégio jesuíta, e precisou ser reconstruída. E isso aconteceu em maneira mejaestosa.
A fachada de Santo Inácio
A fachada é imensa e utilizou como modelo a fachada da Igreja de Jesus (a primeira igreja jesuíta): é construída em mármore local (travertino) e é adornada por parastas e semi-colunas sobre duas ordens.. A ordem inferior é mais larga do que a superior, e são ligadas por volutas – elementos verticais espiralados que você vai ver muito em Roma e não só em Roma. A ordem superior possui um tímpano que dona uma harmonia na verticalidade do edifício, como nos templos antigos.

Santo Inacio, fachada igreja Roma
Onde fica a Igreja de Santo Inácio de Roma?
Vale à pena relembrar que o bairro (ou “rione” em italiano) Pigna é assim chamado por causa da enorme fonte em forma de “pinha” que aqui existia na Antiguidade e que hoje enfeita o pátio homônimo no Vaticano.
O bairro é antiquíssimo, o que quer significa que 1900 anos atrás aqui foram erguidas termas e templos, com a devida alimentação hídrica, através das enormes arcadas do aqueduto de Água Virgem. Essa área da cidade é chamada Campo Marzio, pois aqui o exército romano realizava os seus exercícios bélicos no longínquo período dos reis.
Os edifícios da graciosa praça onde se localiza a igreja de Santo Inácio surgiram após à construção da igreja em uma tentativa de criar uma harmonia nos espaço onde se erguia a maciça fachada da igreja.

Afresco de Andrea Pozzo, “Glória de Santo Inácio”
Filosofia da construção da igreja de Santo Inácio
O Concílio de Trento (1545-1563) foi um momento que marcou, entre outras tantas coisas, uma mudança na concepção da arquitetura das igrejas; nós conhecemos este príodo dos tempos da escola como a Contra-Reforma, lembra? A Reforma Protestante de Martinho Lutero foi minimizada pelo Papa Leão X de Medici, foram os seus sucessores a terem que arcar com este “abacaxi”. E isso teve consequências importantíssimas na História da Arte.
Na igreja de Santo Inácio temos a máxima evolução da arquitetura desta época, mas em pleno Barroco: o fulcro da anteção do edifício induz à nos concentrarmos na figura do padre sobre o altar. Os braços do transepto são curtos para que a voz do padre não se perca no ambiente e chegue bem clara aos fiéis.
Arquitetura da igreja de Santo Inácio
Arquiteto nominado foi o Horácio Grassi, soba supervisão de vários arquitetos, entre eles o Carlo Maderno, ninguém menos de quem desenhou a fachada da basílica de São Pedro.

Nave central da igreja de Santo Inacio em Roma
O interior da igreja de Santo Inácio
Majestoso é o interior da igreja com a nave única e teto altíssimo, com o afresco da Glória de Santo Inácio, a obraprima do padre jesuíta e pintor Andrea Pozzo, que dá a fama à igreja, realizado entre 1691-94. O afresco celebra a atividade dos jesuítas como colonizadores nos quatro continentes em que foram ativos, e, naturalmente, Santo Inácio bem ao centro ascendendo ao Paraíso. Este afresco é tão bonito que foi colocado um espelho no meio da navada da igreja para que pudesse ser apreciado por mais tempo sem que ficássemos com torcicolo!

Falsa cúpola de Santo Inácio
No presbitério há um outro afresco de Pozzo, , o “Assédio de Pamplona“, 1521,batalha à qual Santo Inácio partecipou como capitão, defendendo Pamplona contro o reino de Navarra, apoiado pelo rei francês Francisco I.
A nave central é bem larga e há três capelas por lado, ligadas entre sí através de aberturas, onde os padres têm a possibilidade de rezar missas durante a semana.

Capela Maior, igreja de Santo Inácio, Roma
Na terceira capela à esquerda há uma quantidade impressionante de objetos votivos em prata, uma pequena curiosidade desta igreja.
Digno de nota é o altar, também desenhado por Andrea Pozzo, com quatro colunas em verde antigo e decorado com o relevo em mármore da Glória de São Luis Gonzaga, de Pierre Legros (1697-99). Embaixo da mesa do altar, a caixa em lapislázuli que contém a relíquia do Santo.
Outro ponto alto desta igreja é a famosa “falsa cúpola“. Em 1685 ainda não existia a cúpola e portanto resolveram fazer uma tela de 11m de diâmetro que desse a ilusão do interior de uma cúpola… essa é a segunda couriosidade mais fotografada desta igreja.
Para quem acompanha o blog, sabe que a arquitetura cristã inicia no IV século, com as primeira igrejas e o início da iconografia que conhecemos hoje no post https://www.romaemportugues.com.br/a-revolucao-crista/; é interessante ver quanta estrada foi percorrida pela Arquitetura em 1300 anos. E Roma é ideal para ver este desenvolvimento!
Aqui pertinho ficam o Pantheon e a igreja de Jesus, interessante por ser a primeira igreja jesuíta construída!
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Créditos:
Foto “Gloria de Santo Inácio”, de Livioandronico2013, Wikipedia
Foto fachada: Ricardo André Frantz, site http://ricardoandrefrantz.webnode.com.br/
Foto “Falsa cúpola”, de Livioandronico2013, Wikipedia
Foto “Altar Maior”, de Tango 7174
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